sexta-feira, 6 de julho de 2012

BLÁ BLÁ BLÁ



O documento "Acórdão nº 353/2012" do Tribunal Constitucional, sobre a constitucionalidade da retirada do subsídio de férias e de Natal aos funcionários públicos e aos pensionistas, conforme a Lei do Orçamento do Estado para 2012, tem 55 páginas, incluindo o requerimento para a apreciação da matéria, transcrição de legislação vária, decisão e declarações de voto de juízes. É obra fina, repetitiva, redundante, barroca, florentina e uma seca. Tudo para dizer o contido na "Decisão" da figura reproduzida acima.
Baptista Bastos (BB) fez escola no Tribunal Constitucional, é a conclusão instantânea do leitor atento da peça cumulativamente jurídica, constitucional e literária, com penetrabilidade de casamata anti-atómica.
Os Excelentíssimos Senhores Magistrados do Tribunal Constitucional, à semelhança de todos os magistrados judiciais, penso eu na minha abençoada ignorância sobre tais matérias, são clássicos exemplares de prolixidade irrecuperável. Usando a linguagem ímpar do inefável BB, diria que pensam e escrevem "em círculo concêntrico".
Perguntar-me-ão o que é pensar "em círculo concêntrico" mas, em boa verdade, também não sei. Não digo para perguntarem a BB porque ele também não sabe - nem  o que são dois círculos concêntricos, quanto mais um. Contudo, acho que a expressão soa bem e tem cabimento se se trata, como trato agora, de substância jurídica.
Passando o documento em diagonal, percebe-se porque está a Justiça tão congestionada e atrasada, sem resposta atempada às solicitações. Compreendamos que não é trabalho fácil conceber documentos desta estirpe. Na minha modesta opinião, o problema em causa era mais fácil de julgar que um crime de pilha-galinhas. Vejam no que deu. Imaginem então o acórdão do Freeport. Manifestamente impossível uma cabeça, ou duas, dez, trinta, cinquenta, construir uma peça jurídico-literária catita sobre a matéria. Tinha de acabar de supetão em águas de bacalhau, como acabou.
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