Parafraseando
Alberto Gonçalves, falando a respeito de
Augusto Santos Silva, digo que,
inesperadamente, me encontrei de supetão e com surpresa de acordo com Manuel Alegre quando
diz que Passos Coelho está a tornar-se um político perigoso. É verdade.
O homem perdeu as
estribeiras e cavalga o cavalo do poder sem domínio, nem dele nem da
cavalgadura. Contenção foi coisa que já deu fruto. Agora, frustrado,
encurralado e sem saber que fazer, dispara em todas as direcções, com especial
predilecção sobre o Tribunal Constitucional e seu Presidente.
Os meritíssimos—seu
líder incluído—não me merecem muita
estima e consideração, mas estou em posição de o dizer porque sou um cidadão
anónimo desta Pátria que também foi de Bocage. Mas Passos Coelho é, neste momento, o legítimo sucessor de
personalidades como o Marquês de Pombal e não pode perder a contenção e
portar-se como uma varina do Mercado da Ribeira.
O homem perdeu o
rumo e o tino e não olha ao que diz. Desde chamar insensatos aos juízes do Tribunal
Constitucional, o que também faço porque
estou em condições de fazer, até pérolas como a de perguntar se "já
alguém se lembrou de perguntar aos mais de 900 mil desempregados no país de que
lhes valeu a Constituição até hoje", a lista é rica e literariamente
apurada.
Quando se chega a um ponto assim, em que a mediocridade e vulgaridade vêm ao de cima em modo de tiques da jota, começa, de facto, a
haver algum perigo. Não é o poder a cair na rua, mas é a rua instalada no
poder, coisa ainda pior.
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