terça-feira, 3 de setembro de 2013

UM INVESTIGADOR ENERVADO


John Trinkaus era professor numa escola de comércio em Nova Iorque e escreveu uma centena de artigos em duas revistas: "Psychological Reports" e "Perceptual and Motor Skills". Curiosamente, nenhum dos artigos diz respeito à matéria que ensinava: Trinkaus escrevia sobre "coisas que o enervavam"! É verdade! Sobre coisas que o enervavam.
Por exemplo, no seu bairro fazia estatísticas sobre automobilistas e ciclistas que não respeitavam os sinais de Stop—cinco artigos sobre automobilistas e dois sobre ciclistas em 17 anos. Ao longo dos anos, houve melhoria do comportamento dos condutores, mas não satisfatória—Trinkaus continuava "a enervar-se" com aquilo.
Mas havia pior: os tipos que estacionam nos locais reservados aos deficientes e os que não encostam à direita quando ouvem a sirene das ambulâncias ou dos bombeiros. Ficava tudo registado, tudo era descrito nas artigos e tudo enervava Trinkaus. 
E os fulanos com boné de baseball com a pala virada para trás? Não há pachorra. E os espertos dos supermercados que se metem nas caixas "até dez unidades" com onze, doze e até treze unidades? E os snobs do metro com pastas attaché com segredo e as abrem com a combinação 0-0-0, a de origem, porque não precisam daquilo para nada  e é só para armar aos cágados: são 73%, vejam bem! E aqueles janotas que vão à televisão e nunca dizem sim e preferem o "absolutamente", ou o "perfeitamente", coisas que enervam Trinkaus.
Pensem como seria melhor o mundo se houvesse mais gente a enervar-se assim, a registar, a tratar estatisticamente a matéria e a publicar. Provavelmente, nem haveria a guerra na Síria!
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