quinta-feira, 14 de maio de 2015

AS NULIDADES DO CLUBE SOCIALISTA

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Francisco Assis, o socialista com nome de santo, escreve hoje no "Público" assim:

[...] No domingo, Tony Blair regressou momentaneamente ao mundo da política britânica. Publicou um artigo no Daily Telegraph relembrando a validade do axioma que eleitoralmente sempre o norteou—tudo se ganha e tudo se perde ao centro. Nesse axioma há certamente muito mais do que simples calculismo político—há também um modelo de governação para o nosso tempo. Ed Milliband, o candidato trabalhista derrotado, optou por um caminho diferente. Renegou a herança "blairiana" e reposicionou o partido substancialmente mais à esquerda, com um discurso insuficientemente atento às questões económicas e muito centrado na apresentação de promessas no plano social. Os britânicos, ou pelo menos a parte deles que decidiu o resultado eleitoral, desconfiaram deste caminho. [...]

E mais abaixo, acrescenta:

[...] Se no nosso país há alguma ilação a retirar deste acontecimento ela é a de que António Costa andou acertadamente quando optou por fazer preceder a redacção do Programa Eleitoral do PS pela apresentação de um rigoroso documento de enquadramento económico elaborado por pessoas de inquestionável qualidade. [...]

Agora escrevo eu:

António Costa fez preceder a redacção do Programa Eleitoral do PS pela apresentação de um documento a que podemos chamar—parafraseando a inspirada advogada do arguido Santos Silva da "Operação Marquês"—um "vamos a supor"; isto é, "vamos a supor" que com um aumento X do rendimento individual a economia cresce Y, e que com este aumento o crescimento do PIB é Z, blá, blá, blá; tudo num "vamos a supor" económico-financeiro que pode sair mais careca que um ovo, coisa a que os economistas já nos habituaram.
Mas o maior mal nem é esse. O pior veio depois. Costa—que é um nabo, refém da ala esquerda da "ética republicana do PS"—sentiu-se na obrigação—ou foi obrigado—a ir, não além da troika como o outro, mas além do relatório "Uma Década para Portugal" e começou a asnear, prometendo bacalhau a pataco. 
Assis diz que, em Inglaterra, os britânicos, ou pelo menos a parte deles que decidiu o resultado eleitoral, desconfiaram desse caminho. Em Portugal, o indígena é um bocado burro—ainda acredita em nulidades como o Dr. Soares, o poeta Alegre, ou o incontornável Lelo com dois lês—mas tanto também não: pelo menos, deve ter aprendido alguma coisa com o Zezito mais a sua quadrilha. E, como escrevia ontem Vital Moreira, o impacto da vitória do Labour não se confina às ilhas britânicas e engana-se quem pensar que esta história nada tem a ver com a social-democracia europeia (e ibérica...) em geral. Como diziam os clássicos, de te fabula narratur (é de ti que trata esta história).
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