sexta-feira, 26 de junho de 2015

SÓ ÁGUA III

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Em 11 de Novembro de 2014, incluí neste espaço um escrito com o título "Só Água II", nos seguintes termos:

Publiquei há dias um post intitulado "Só Água" em que falava da homeopatia a respeito do artigo sobre a matéria do professor Carlos Fiolhais no jornal "Público". Hoje tive conhecimento que esse artigo foi violentamente criticado pelo doutor Paulo Varela Gomes, professor no departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra, segundo julgo.
Varela Gomes sofre de cancro na  garganta há dois anos e meio e, tanto quanto se percebe da sua carta, sendo o tumor inoperável, decidiu tratar-se com métodos homeopáticos e diz sentir-se bem.
Por respeito a um doente com a doença em causa, não vou fazer mais comentários sobre a sua situação clínica. Mas gostaria de salientar que a ciência não se constrói com a observação de casos isolados. Se o professor Varela Gomes está melhor, ou curado, tal é motivo de satisfação para todos. Masprimeirogostaria de lembrar que os tumores malignos podem ter comportamento inesperado e, nalguns casos de cura, esta deve-se à natureza, não ao tratamento. Esegundo e mais importanteque cartas como a do professor Varela Gomes servem para incentivar comportamentos lamentáveis de outros doentes que poderiam ser tratados correctamente com sucesso e, infelizmente, optam por métodos sem base científica, como a homeopatia e similares, e têm evolução funesta.
Uma coisa é o domínio da emoção; outra, a ciência, emocionalmente neutra e com métodos exigentes de valorização da doutrina.

Hoje, o colega Pedro Masson fez-me chegar um texto—de grande qualidade, impressionante pela coragem que revela e comovente pelo drama que envolve—do professor Varela Gomes, onde descreve a sua situação, aparentemente terminal. Dada a delicadeza da matéria, não vou alongar-me em comentários, aliás óbvios. Mas não posso deixar de repetir o alerta que então escrevi: [...] cartas como a do professor Varela Gomes servem para incentivar comportamentos lamentáveis de outros doentes que poderiam ser tratados correctamente com sucesso e, infelizmente, optam por métodos sem base científica, como a homeopatia e similares, e têm evolução funesta.

Ao professor Varela Gomes desejo que possa continuar a enfrentar com a coragem até agora revelada a fragilidade do organismo que lhe alimenta o espírito.  
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