segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
GUERRAS E CONFLITOS, FAVORITISMO DE GRUPO, CASULOS SOCIAIS E INTERNET
Já não há guerras. Actualmente, há conflitos. A guerra deixou de fazer parte da tradição do homem. Ninguém declara guerra contra ninguém, como era praxe até meados do século passado.
Se for caso disso, entra-se com tropas por um país dentro e começa-se a malhar. Como o invadido, teoricamente, é sempre mais fraco – se não fosse, não era invadido – defende-se sem observar as regras da guerra clássica: mete-se na toca, mobiliza a opinião mundial contra a violência de que está a ser vítima e, sempre que pode, usa ele da maior violência contra o agressor, não poupando velhos, doentes ou crianças inocentes porque tudo lhe é desculpado. Estamos então em presença de um conflito, com um agressor de um lado e terroristas do outro.
Este paradigma bélico é, apesar de tudo, um progresso. Não tenho dados para o afirmar mas acredito que neste figurino morre menos gente e não há tanto sofrimento como nas guerras clássicas. É um estado entre a guerra da brutalidade, das bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki, e a paz universal.
Os conflitos são localizados e a participação directa de várias nações nos conflitos é rara. Há, isso sim, participação indirecta, traduzida em fornecimento de material militar e apoio logístico aos mais fracos que, às vezes, assim se tornam fortes. Esta beligerância começa a entrar no campo das tricas resultantes do que os psicólogos sociais chamam de favoritismo de grupo.
O termo favoritismo de grupo refere-se à tendência para acreditar que os membros do “nosso grupo” merecem mais que os membros do “outro grupo” e que estes são diferentes de nós, todos iguais entre si e uma ameaça porque são maus. Eis os condimentos para o conflito entre irlandeses católicos e protestantes, entre sunitas e xiitas, entre negros e brancos americanos, entre islâmicos e cristãos e por aí fora. No fundo, este caldo sócio-político resulta do desconhecimento do “outro”, da incapacidade de perceber que não corresponde minimamente à imagem que se tem dele e, pior, da recusa de querer aceitar o contrário, porque isso nos faria tão maus como eles.
Só um trabalho persistente de fomento de contactos mútuos pode ir dissipando este primarismo vigente de parte a parte. E, nesse aspecto, os meios de comunicação virtual têm papel fundamental. Nunca como se hoje se pôde ter uma multidão espalhada por todo o mundo em contacto com outra multidão espalhada pelo mesmo mundo. É o Menssenger, o HI5, o Twitter, o Facebook, os blogs e toda essa trapalhada que vão permitindo o diálogo entre gente que se julga muito diferente e vai aprendendo que é mais ou menos igual.
A Internet faz mais pela paz mundial do que vinte assembleias gerais da ONU, centenas de milhares de militares de forças “dissuasoras”, ou milhões de manifestações pacifistas.
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