Racismo, sexismo, especismo, etarismo, elitismo, fundamentalismo, ateísmo. Tudo correntes com fortíssimo carácter de “favorecimento de grupo” de que ontem falávamos. Desencadearam guerras, alimentaram ódios, justificaram torturas, dividiram países, acentuaram diferenças económicas e destruíram civilizações. Para alguns são causas por que vale a pena morrer. E sobretudo matar. Junte-se um número elevado deles e estão criadas as condições mais lamentáveis.
O instinto de sobrevivência está subjacente ao “favoritismo de grupo”. Não é, porventura, a força individual que tem sido considerada. Reside no indivíduo de facto, mas integra um fenómeno biológico hierarquicamente superior, o da sobrevivência da espécie, que o evolucionismo chama de família genética e neste caso é o grupo.
A identificação dos mecanismos que entravam o harmónico funcionamento da sociedade tem sido perseguida ao longo da História. Não estou a falar só de guerras, mas também dos problemas ambientais, das desigualdades económicas planetárias, da pobreza e da injustiça. Tal objectivo não é simples pois, se a compreensão das comunidades biológicas mais simples é complicada, imagine-se o que dizer de uma comunidade de seres ditos racionais.
O progresso verificado nos últimos anos nas neurociências, nomeadamente na compreensão dos fenómenos cerebrais da actividade psíquica, criam esperança de melhores dias no relacionamento entre os homens. Tudo leva a crer, dizem os estudos, que o Homo sapiens está programado para a empatia, comportando-se como se comporta em consequência de essa tendência constitucional ser desviada por processos mentais chamados reflexivos e deliberados. Por isso as crenças religiosas e políticas são capazes de nos converter tão eficazmente em pequenos monstros. Recorde-se como a população da Alemanha aderiu ao Nazismo.
A investigação em curso nestas matérias é a janela aberta para uma humanidade melhor ao permitir perceber o modo como aquilo que nos divide nos torna tão desprezíveis.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
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