terça-feira, 5 de janeiro de 2010

AQUILO QUE NOS DIVIDE É AQUILO QUE NOS MATA

Racismo, sexismo, especismo, etarismo, elitismo, fundamentalismo, ateísmo. Tudo correntes com fortíssimo carácter de “favorecimento de grupo” de que ontem falávamos. Desencadearam guerras, alimentaram ódios, justificaram torturas, dividiram países, acentuaram diferenças económicas e destruíram civilizações. Para alguns são causas por que vale a pena morrer. E sobretudo matar. Junte-se um número elevado deles e estão criadas as condições mais lamentáveis.
O instinto de sobrevivência está subjacente ao “favoritismo de grupo”. Não é, porventura, a força individual que tem sido considerada. Reside no indivíduo de facto, mas integra um fenómeno biológico hierarquicamente superior, o da sobrevivência da espécie, que o evolucionismo chama de família genética e neste caso é o grupo.
A identificação dos mecanismos que entravam o harmónico funcionamento da sociedade tem sido perseguida ao longo da História. Não estou a falar só de guerras, mas também dos problemas ambientais, das desigualdades económicas planetárias, da pobreza e da injustiça. Tal objectivo não é simples pois, se a compreensão das comunidades biológicas mais simples é complicada, imagine-se o que dizer de uma comunidade de seres ditos racionais.
O progresso verificado nos últimos anos nas neurociências, nomeadamente na compreensão dos fenómenos cerebrais da actividade psíquica, criam esperança de melhores dias no relacionamento entre os homens. Tudo leva a crer, dizem os estudos, que o Homo sapiens está programado para a empatia, comportando-se como se comporta em consequência de essa tendência constitucional ser desviada por processos mentais chamados reflexivos e deliberados. Por isso as crenças religiosas e políticas são capazes de nos converter tão eficazmente em pequenos monstros. Recorde-se como a população da Alemanha aderiu ao Nazismo.

A investigação em curso nestas matérias é a janela aberta para uma humanidade melhor ao permitir perceber o modo como aquilo que nos divide nos torna tão desprezíveis.

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