sábado, 10 de abril de 2010

CARIDADE E SELECÇÃO ARTIFICIAL


Uma instituição de caridade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, paga o equivalente a pouco mais de 220 euros a toxicodependentes que façam prova de terem sido esterilizados de forma permanente.
Barbara Harris, a fundadora da instituição, acredita que é um meio de evitar o desenvolvimento de crianças em meios impróprios. Esta preocupação já a levou a adoptar cinco crianças filhas de drogados. Admite que o dinheiro pago vai converter-se em mais droga, mas não se importa e está a organizar serviço semelhante no Reino Unido.
Em boa verdade, a coisa tem aspectos de veterinária. Digamos que é uma forma de selecção artificial. Darwin falava de selecção natural, determinada pela natureza, em que só os mais aptos vingavam; em selecção sexual, afinal uma variante da anterior, condicionada pelos atributos sexuais que favoreciam a reprodução; e em selecção artificial, criada pelo homem a favor das espécies que lhe eram úteis, como a batata, o arroz, os bovinos e equídeos, o gato, o cão e toda essa bicharada que lhe presta serviços e vassalagem, e contra as espécies que o molestam, como os ratos, as bactériasa patogénicas, os insectos vectores de doença, e por aí fora.
Se Darwin estava certo, e penso que sim, os toxicodependentes estão na linha de montagem – ou desmontagem – da selecção natural, tal como os fumadores, os obesos e os homossexuais. O que a Senhora Harris quer fazer é acelerar um nadinha o processo e dar uma ajuda à natureza; ou seja, queimar etapas, incluindo também a selecção artificial para os toxicodependentes. A ideia era boa se os toxicodependentes não fossem humanos. Mas são. Não são ratos, escaravelhos da batata, ou gafanhotos.



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