sábado, 2 de abril de 2011

A EUROPA NÃO COMPRA BANHA DE COBRA

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Com os maiores bancos considerados quase “lixo”, o risco de bancarrota acima dos 40 por cento e os juros da dívida a taxas inacreditáveis, não basta dizer que Portugal não precisa de recorrer à UE e ao FMI: é preciso explicar porquê. E não colhe a explicação de que a situação se degradou por culpa das oposições, já que foi o Governo que induziu a crise política, ou não a quis evitar, já porque todo o país percebeu que as agências de rating, os credores, as instâncias e os parceiros europeus conhecem as contas públicas nacionais bem melhor que os portugueses. Pela simples razão de que ignoram o discurso de um Executivo há muito apostado em disfarçar a realidade, para dizer o mínimo.
A correcção do défice de 2010, imposta por Bruxelas de modo a incluir o buraco do BPN, o empréstimo ao BPP e algumas das empresas de transporte em estado de greve permanente – Refer, Metro de Lisboa e Metro do Porto – é o golpe de misericórdia na credibilidade das contas públicas portuguesas. Nos últimos dois anos, disse-se e repetiu-se que Portugal não era como a Grécia porque, ao contrário de Atenas, Lisboa tinha contas fiáveis. Esse mito caiu esta semana. De pouco vale o ministro das Finanças dizer que, ao não incluir os “buracos” em causa, não teve a intenção de esconder ou manipular – tal como disse não a ter tido na célebre derrapagem do défice de 2009. Visto de fora, só o resultado conta. E comparando o défice apurado com aquele que o Governo anunciou, a conclusão é simples: Portugal não cumpriu. [...]
Fernando Madrinha in "Expresso".

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