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Portugal está gravemente doente. O problema, ao contrário do que aflora ao espírito de quem ouve tal, não é a ruína económica e financeira projectada no horizonte longínquo; não é o facto de ter de pedir a estrangeiros para tomarem o leme da Pátria antes de a atirarmos contra a rocha; não é o drama do desemprego; não é a austeridade levada até situações comoventes de solidão, doença e fome; não é o futuro sem horizonte dos nossos filhos, sem trabalho e com a herança de encargos medonhos para toda a vida; nem sequer é a vergonha - de quem ainda a tem - perante tudo isto. A doença da Nação é não perceber o embuste em que a mergulharam uns tantos peraltas a passear pelos corredores do poder, de que usufruem para viver à margem dos seus concidadãos, com compêndios de teoria política debaixo do braço onde se explica como na democracia têm de existir peraltas assim para bem do povo e das suas instituições. Tudo devidamente branqueado por uma comunicação social à beira da imbecilidade por não assumir o dever de denunciar o embuste.
É tempo de mudar de rumo e, nas circunstâncias actuais, só o próximo acto eleitoral pode dar o tiro de partida para uma corrida diferente. Não a caminho do fim do regime, mas a caminho do fim deste tipo de regime. A rota actual foi a que levou a Primeira República, e o País com ela, ao abismo, com responsáveis sem vergonha como os actuais - coisa pior que incompetência e corrupção; e com o povo enganado, envolvido na sua ingenuidade e falta de cultura política em campanhas clubistas. Assim, é de temer o pior. E o pior será o branqueamento de um governo que durante seis anos enganou todos, pintando uma falsa realidade, de mentira inventada profissionalmente por agências de comunicação caríssimas e pagas pelo erário público, e que, porque deu com o burro na água, se defende dizendo ter sido um espirro da oposição que causou toda a desgraça. Naturalmente, quem é parvo, deixa-se enganar. Mas o mais terrível é haver quem se deixe enganar para persistir na fé clubista. Que vota nos responsáveis da actual calamidade pela mesma razão que é do Sporting, do Benfica, ou do Porto. A esses faço um apelo: não para votarem no Sporting se são do Benfica, ou no Benfica se são do Porto. Mas para votar branco ou nulo, votos tão dignos como os outros. E deixem que este partido, que insiste na asneira, seja exemplarmente punido para mudar de rumo e merecer o vosso voto.
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