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Hoje, Francisco Louçã disse que o seu partido vai pedir uma auditoria à dívida pública e privada porque entende que é preciso saber em que consiste e o que estamos a pagar. Acho justo.
Hoje, Francisco Louçã disse que o seu partido vai pedir uma auditoria à dívida pública e privada porque entende que é preciso saber em que consiste e o que estamos a pagar. Acho justo.
Passos Coelho falou da necessidade de saber a verdade sobre as contas públicas, pois só assim se pode apresentar um quadro de medidas para sair do actual buraco. Acho igualmente justo.
Não sei se mais alguém se referiu à matéria, mas poderia fazê-lo com propriedade, dado que é evidente e imperioso explicar como se chegou até aqui. Aliás, tudo devia ser conhecido, desde o governo de Vasco Gonçalves até aos de Sócrates, sem excepção. Os portugueses têm direito a saber como foi gerido o dinheiro que entregaram à causa pública – é elementar. Não pode haver invocação de necessidade de reserva em tal assunto; isto é, os governantes não podem arrogar-se o direito de sonegar informação a este respeito com a justificação de que há coisas que não podem cair na praça pública. É exactamente na praça pública que deve cair tal informação.
Mas essa figura cinzenta, que se move em bicos de pés na penumbra dos corredores do poder e se chama Pedro Silva Pereira, tem opinião contrária. Segundo ele, os partidos da oposição prejudicam os interesses nacionais ao pôr em causa, sem fundamento, a transparência das contas públicas. Talvez tivesse razão se a ausência de fundamento fosse coisa evidente. Infelizmente, não é. Ainda recentemente vimos corrigir o défice público de 2010 – de 6,8% para 8,6% - porque as contas estavam “marteladas” e a UE não deixou dar a “martelada”; e todos estamos cheios de ouvir mentiras do governo. Hoje, dizia-se, Portugal não está em crise, depois estava em crise até aos colarinhos; a seguir tinha começado crescer para no dia seguinte estar em recessão; um horror (!) – quem acredita em gente assim? Ninguém. Já nenhum português pensa que o governo fala verdade: a mentira é compulsiva na instituição e a fama paga-se.
O centro da questão não é discutir com as organizações internacionais na praça pública o modo como se tem de emendar as asneiras feitas. Isso nem elas querem porque, muito justamente, não participam em “peixeiradas”. Trata-se, sim, de saber quais são as asneiras, chamando-lhes só assim, e suas consequências, para aceitar os sacrifícios daí decorrentes.
Senhor Ministro de “Qualquer Coisa” Silva Pereira: não tente confundir o povão com a conversa da agência, ou agências, de comunicação que coordenam as mentiras do governo. Discutam os ministros em privado a ajuda externa e digam à praça pública as irregularidades por que são responsáveis. Ou, ainda melhor, irresponsáveis.
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