sábado, 28 de abril de 2012

FÓRMULA DE BLACK-SCHOLES

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No Século XVII, na bolsa de mercadorias de Dojima, no Japão, faziam-se contratos em que o comprador prometia comprar arroz, no prazo que ia até um ano, a um preço estabelecido logo nessa altura. Isto é, o vendedor tinha o preço garantido nesse período e o comprador o direito de comprar também garantido. Viviam felizes assim. Posteriormente veio a verificar-se que tal tipo de contrato continuava a ser vantajoso para ambos os lados, mesmo que o comprador não tivesse obrigação de comprar, apesar do risco ficar todo do lado do vendedor. Coisas complicadas que os economistas explicam de forma esdrúxula, e manhosa com certeza. Não interessa.


Pois este tipo de contrato foi pelos séculos e mundo fora, primeiro com mercadorias e depois nas bolsas de valores mobiliários. É verdade! Tal implicava um risco assumido por palpite e inspiração para os compradores e vendedores de títulos. Até que surgiram dois professores de Finanças, de seus nomes Myron Scholes e Fischer Black, que congeminaram uma fórmula mágica capaz de resolver a charada com uma máquina de calcular: a fórmula de Black-Scholes. Tão mágica, que Scholes recebeu o Prémio Nobel da Economia por isso, em 1997, e Black só não recebeu porque, entretanto, morreu.

Pateticamente, um ano depois de ter recebido o Prémio, em 1998, um fundo criado por Scholes, com todas as fórmulas, computadores e magna sapiência, perdeu 4 mil milhões de dólares e faliu. Ponto final!

Mas a  fórmula de Black-Scholes continuou, em carreira meteórica, a fazer parte dos currículos académicos e a constituir ferramenta indispensável a todos os jovens cérebros da economia que de Wall Street dirigem o mundo. Numa caminhada de glória, chegou a um evento apocalíptico, qual foi a falência do Lehman Brothers. A cereja em cima do bolo. E, uma dúzia de anos depois, discute-se acaloradamente o papel das equações matemáticas nas finanças. Cada um sacode a água do capote, alegando que a fórmula acabou por ser aplicada de maneira incorrecta. Correcta ou incorrecta, linchou-nos a todos, eu incluído. Daqui mando um grande abraço ao Professor Scholes.
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(Na fotografia, Scholes está à nossa esquerda e Black à direita)
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