quarta-feira, 25 de abril de 2012

A FUGA DOS JACTOS PARA O EGIPTO

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A esquerda em Portugal - possivelmente em todo o mundo – tem uma técnica argumentativa sui generis: quando mete o pé na argola – e quantas vezes o faz! – arranja uma desculpa esfarrapada, repetida até à exaustão pelo comunicação da cor e, a partir da 507ª repetição, a argolada é matéria tabu, insusceptível de ser lembrada, sob pena de ser isso considerado matéria mesquinha e manifestação de falta de grandeza da alma. É o miserabilismo, o salazarento, o reacionário, o obscurantismo, no mínimo.
Soares, o incontornável Soares dos 199km à hora, diz que Portugal está a vender as joias da coroa, referindo-se às nacionalizações, uma das razões porque hoje não foi pavonear-se na Assembleia, com o cravo vermelho ao peito. Mas Soares não diz que as joias da coroa se vão porque um governo socialista, gerido por essa anedota socialista chamada Zezito, conduziu a Pátria à falência, pediu auxílio aos mentores da economia de casino, e chegou com eles ao acordo de nacionalizar as empresa que Soares diz serem as joias da coroa.
Isto é, o que está subjacente à lamentável necessidade de perder soberania, nacionalizar, mudar as leis do trabalho, alterar a fiscalidade, aumentar os transportes, diminuir a qualidade do Serviço Nacional de Saúde e por aí fora, não interessa; ou antes, não se pode falar sobre isso. O que interessa é atirar trampa para cima dos outros. Falar disso é tabu, são desculpas, é miserabilismo, é a reacção, blá, blá, blá.
Quando um Zezito, em seis anos,  aumenta a dívida de 90 mil milhões para 160 mil milhões, está tudo a correr bem. Quando alguém aperta o cinto porque ficámos falidos, está tudo a correr mal.
Tenho dúvidas que o actual governo seja grande espingarda. É verdade. Mas peço aos socialistas esta coisa singela: por favor, mantenham-se calados, ou dissertem sobre a fuga dos jactos para o Egipto.
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