No caderno
"Actual" do último "Expresso", Pedro Mexia, a propósito
da abdicação de Juan Carlos e das ridículas discussões sobre monarquia versus
república em Espanha, recorda na sua
coluna uma citação de mestre. Diz assim: "Javier Cercas, republicano e de esquerda, lembrou que isso não é o essencial: mais vale viver
numa monarquia como a sueca
do que numa república como a síria".
Que me lembre, é a primeira vez que ouço um republicano
dizer qualquer coisa inteligente sobre esta matéria. Os regimes são bons ou
maus dependendo das pessoas—não só dos que governam, mas também dos governados.
Além da citada Síria, são repúblicas a Guiné Equatorial, a Coreia do Norte, o
Zimbabué, o Burkina Fasso, Cuba, a China, a Guiné Bissau, a Líbia e várias
outras trampas, não mencionando Portugal por razões patrióticas; e são
monarquias o Butão, o Catar, o Kuwait, Marrocos e pessegadas similares.
Em compensação, são repúblicas a Finlândia, a França, a
Alemanha, os Estados Unidos e a Suíça e monarquias a Suécia, a Inglaterra, a Noruega, a
Dinamarca, a Bélgica, o Japão, a Austrália, o Canadá e por aí fora.
Qual é o problema? O problema é das pessoas. Em Portugal
derrubou-se uma monarquia inoperante para a substituir por uma república que seria
de gargalhada se não fosse trágica.
Há a mais pequena pachorra para ouvir conversas facciosas,
efluindo de gargantas a cheirar a bafio, tipo poeta Alegre e Mário Soares, a
falar de ética republicana e outros chavões completamente outdated?
Calem-se com isso porque são vocês, e outros como vocês, que nos metem nos buracos em que temos estado metidos. Dirigir um
país não é presidir a um clube de futebol. É preciso ser sério, competente,
desapaixonado, independente e isento. Os cidadãos estão-se a cagar para que
haja um rei ou um presidente—querem é viver com um mínimo de qualidade e que os
políticos não os chateiem com a sua permanente e enfastiante presença na
ribalta. Ética republicana? Não, obrigado.
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