quinta-feira, 19 de junho de 2014

ÉTICA REPUBLICANA ? NÃO, OBRIGADO

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No caderno "Actual" do último "Expresso", Pedro Mexia, a propósito da abdicação de Juan Carlos e das ridículas discussões sobre monarquia versus república em Espanha, recorda na sua coluna uma citação de mestre. Diz assim: "Javier Cercas, republicano e de esquerda, lembrou que isso não é o essencial: mais vale viver numa monarquia como a sueca do que numa república como a síria".
Que me lembre, é a primeira vez que ouço um republicano dizer qualquer coisa inteligente sobre esta matéria. Os regimes são bons ou maus dependendo das pessoas—não só dos que governam, mas também dos governados. Além da citada Síria, são repúblicas a Guiné Equatorial, a Coreia do Norte, o Zimbabué, o Burkina Fasso, Cuba, a China, a Guiné Bissau, a Líbia e várias outras trampas, não mencionando Portugal por razões patrióticas; e são monarquias o Butão, o Catar, o Kuwait, Marrocos e pessegadas similares.
Em compensação, são repúblicas a Finlândia, a França, a Alemanha, os Estados Unidos e a Suíça e monarquias a Suécia, a Inglaterra, a Noruega, a Dinamarca, a Bélgica, o Japão, a Austrália, o Canadá e por aí fora.
Qual é o problema? O problema é das pessoas. Em Portugal derrubou-se uma monarquia inoperante para a substituir por uma república que seria de gargalhada se não fosse trágica.
Há a mais pequena pachorra para ouvir conversas facciosas, efluindo de gargantas a cheirar a bafio, tipo poeta Alegre e Mário Soares, a falar de ética republicana e outros chavões completamente outdated?
Calem-se com isso porque são vocês, e outros como vocês, que nos metem nos buracos em que temos estado metidos. Dirigir um país não é presidir a um clube de futebol. É preciso ser sério, competente, desapaixonado, independente e isento. Os cidadãos estão-se a cagar para que haja um rei ou um presidente—querem é viver com um mínimo de qualidade e que os políticos não os chateiem com a sua permanente e enfastiante presença na ribalta. Ética republicana? Não, obrigado.
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