Thomas Szasz era húngaro,
judeu e imigrado nos Estados Unidos onde estudou Medicina e se tornou psiquiatra.
Ficou conhecido pela ideia expressa num livro publicado em 1961 e intitulado The
Myth of Mental Illness: Foundations of a Theory of Personal Conduct. Nele defende a
polémica teoria de que não há doenças mentais, sendo a Psiquiatria um instrumento
da sociedade para colocar em quarentena quem lhe parece oferecer perigo. Diz assim a páginas tantas:
"A Psiquiatria é definida
convencionalmente como especialidade médica
que diagnostica e trata as doenças mentais. Esta definição, ainda
geralmente aceite, dá-lhe a qualidade de pseudociência e coloca-a na companhia
da alquimia e da astrologia. A razão é que não há essa coisa chamada doença
mental".
E mais adiante:
"Estar errado pode ser perigoso;
mas ter razão quando a sociedade considera verdade o erro da maioria pode ser fatal. Este
princípio é especialmente válido quando respeita a falsas verdades que fazem parte do sistema
de crenças de toda a comunidade. No passado, tais falsas verdades eram de
natureza religiosa. Actualmente, são de natureza médica e política".
Não vou considerar o
aspecto da doença mental que me parece muito polémico, embora seja claro que a
Psiquiatria tem sido usada nos tempos modernos como arma política,
nomeadamente nas "democracias"
populares da foice e do martelinho; mas gostava de chamar a atenção para a
segunda citação de Szasz, especialmente quando fala do perigo de ter razão quando a sociedade considera
verdade o erro da maioria.
O erro da maioria é muitas
vezes o politicamente correcto, para falar bem e depressa. É o que impede de
chamar os bois pelo nome, de denunciar a nudez do rei, de dizer que o regime
democrático é muito bom mas que, em Portugal e neste momento, é uma trampa. E
também o que considera sagrada a ética republicana, ficando nós sem saber se é
a ética da Coreia do Norte, de Cuba, do Zimbabué, da Guiné Equatorial, ou do
Burkina Fasso.
Tudo é discutível e
eventualmente condenável. E muito do condenável não é tanto assim. Não há
verdades absolutas, nem mesmo as que são votadas por unanimidade. Não conheço
coisa mais perniciosa para um país que a imposição do politicamente correcto,
mesmo por plebiscito. Como dizia um brasileiro no programa do Jô, se é correcto não pode ser político; se é político, não pode ser correcto: não há politicamente correcto.
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