Há precisamente três semanas e mais um dia publiquei neste blog um post intitulado "Afinal o Zezito tem lepra". Nele discorria sobre o reconhecimento, pelos apoiantes de Seguro contra Costa, do efeito nefasto que a sua recordação teve para o PS nas eleições do Parlamento Europeu. Hoje leio a prosa corrosiva e sarcástica de Alberto Gonçalves no "Diário de Notícias" sobre a mesma matéria e não posso deixar de gargalhar. É assim:
Há três anos, Francisco Assis garantia que a história
fará justiça a José Sócrates. Há pouco mais de um ano, o ex-ministro Nuno
Severiano Teixeira assegurava que a história fará justiça a José Sócrates. Dia
sim, dia não, os blogues anonimamente assinados por serviçais do antigo
primeiro-ministro afiançavam que a história fará justiça a José Sócrates. Por
uma vez, os videntes acertaram.
Embora muitos cidadãos tivessem preferido que a Justiça
fizesse justiça ao Eng. Sócrates, a história começa a colocar o cavalheiro no
lugar que merece. Depois de, nas recentes europeias, a mera presença do
cavalheiro num almoço de campanha afundar decisivamente as pretensões
eleitorais do seu partido, o partido desatou a tratá-lo com a deferência
normalmente dedicada à lepra. E se não se estranha muito que alguns apoiantes
do Dr. Seguro usem as palavras "descalabro" e "desastre"
para avaliar a governação do Eng. Sócrates, estranha-se um bocadinho que o Dr.
Costa já se refira aos "erros" da mesma.
Na prática, só falta o próprio Eng. Sócrates admitir que
duplicar a dívida pública em meia dúzia de anos e colocar Portugal na
dependência desesperada do exterior durante as próximas duas dúzias não foi uma
proeza admirável ou, como ele repetia sempre que espirrava, um "momento
histórico". Aí sim, será altura de colocar o homem sob o pedestal da
posteridade.
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