sexta-feira, 25 de julho de 2014

'EXPERIÊNCIA DE QUASE MORTE'

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A expressão "experiência de quase morte" corresponde ao que os franceses chamam "experience de mort imminente" e os anglo-saxónicos "near-death experience" e refere-se ao fenómeno descrito por alguns doentes que passaram por situações muito próximas da morte, frequentemente por paragem cardíaca transitória, e recuperaram a consciência.
Contam eles coisas variadas, mas há alguns aspectos das descrições que se repetem, nomeadamente a sensação de flutuar acima do corpo físico ou de ocupar outro corpo; a percepção de pessoas diferentes à volta; visão de 360 graus; alteração do ritmo do tempo; maior acuidade dos sentidos; e a imagem de um túnel com fundo intensamente iluminado.
Naturalmente que tais descrições alimentam os argumentos da existência de vida para além da morte, embora não conheça declaração oficial de qualquer hierarquia religiosa sobre isso.
O fenómeno é velho, ganhou relevância depois  de Raymond Moody publicar em 1975 um best-seller intitulado "Vida Depois da Vida", e falo dele porque li hoje a notícia de se ter encontrado o que se pensa ser a mais antiga descrição do fenómeno. O Dr. Phillippe Charlier, médico francês conhecido pelos estudos  de Medicina Forense relativos a figuras históricas, informa-nos que descobriu num caga-sebo o livro intitulado "Anecdotes de Médecine", de um tal Dr. Pierre-Jean du Monchaux, médico militar, com a descrição da experiência de quase morte em 1740.
Segundo Monchaux, a situação seria explicada pelo afluxo súbito de quantidade anormalmente elevada de  sangue ao cérebro, em tentativa reflexa do organismo para preservar a sua função. Naturalmente que, em 1740, com os métodos de investigação então existentes, a opinião do Dr. Monchaux não passava de palpite, para não lhe chamar bitaite porque, em 1740, o professor Hernâni Gonçalves ainda não tinha nascido. O problema é que, 274 anos depois, continuamos na fase dos bitaites.
Actualmente, a teoria com maior aceitação é a de que se passa exactamente o contrário. A falta de oxigenação dos neurónios nesses doentes provocará  alterações metabólicas traduzidas em hiperactividade celular, responsável pelas percepções descritas. Teoria apoiada pela observação dos registos cerebrais realizados em ratinhos quando se lhes provoca paragem cardíaca. 
Em resumo, os ratinhos que não têm nada a ver com o problema, nem estão interessados em perceber essa coisa da experiência de quase morte, é que se lixam. É quase sempre assim—faz parte da natureza do Homo sapiens.
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