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Ó glória de mandar!
Ó vã cobiça
Desta vaidade, a
quem chamamos Fama!
A que novos
desastres determinas
De levar estes
reinos e esta gente?!
Camões
Eu fui rei, e filho de rei—diz Salomão—experimentei tudo
o que era, e tudo o que podia dar de si o poder, a grandeza, o senhorio do mundo,
e achei que tudo o que parece que há nele é vão, e nada sólido, e que bem pesado e apertado, não vem a
ser mais que uma vaidade composta de
muitas vaidades: Vanitas vanitatum, et
omnia vanitas. Vaidade os cetros, vaidade
as coroas, vaidade os reinos e monarquias, e o mesmo mundo que delas se compõe,vaidade das vaidades: Vanitas vanitatum.
Esta é a verdade que não sabemos ver, por
estar escondida e andar enfeitada debaixo das aparências que vemos. E este é o conhecimento e desengano com
que devemos rebater e desprezar o tudo
ou o nada com que nos tenta o mundo. Oh!
como ficariam desvanecidas as maiores tentações, se soubéssemos responder ao omnia do demônio com
o omnia de Salomão: Omnia regna mundi? Omnia vanitas. Omnia tibi
dabo? Omnia vanitas.
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António Vieira
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