segunda-feira, 21 de julho de 2014

OS GENES DA AMIZADE

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Diz-se que amigos são como família, ou são a família escolhida. Porque se faz amizade com A e não com B? É um fenómeno de sociabilização? Naturalmente é, mas parece ter base biológica. Investigação recente, em 2.000 pessoas, demonstra  que os amigos têm mais características genéticas em comum que os não amigos. A semelhança é da mesma ordem de grandeza da observada em primos em quarto grau ou em tetravós e tetranetos.  
Naturalmente que a razão está à vista. Imagine-se um planeta em que os habitantes do género Homo não falam e que, subitamente, um deles tem uma mutação genética capaz de lhe conferir capacidade de se exprimir oralmente. Tal só lhe serve se outro ser da mesma espécie o puder também fazer e, nesse caso, estabelece-se uma união entre os dois. O mesmo acontece com as características que constroem a amizade. Características que são fenotípicas, ou seja, expressas comportamentalmente, mas dependem do genotipo, ou dos genes.
Os autores estudaram quase 1.5 milhões de marcadores de genes e pode-se dizer que estabeleceram o método de avaliar a probabilidade de alguém se tornar amigo de alguém. O trabalho, publicado em 14 de Julho passado nos "Proceedings of the National Academy of Sciences" dos Estados Unidos, é de interesse duvidoso, dependendo do ponto de vista.
Por um lado, vem ajudar a compreender biologicamente um fenómeno social de primeira importância. Por outro, é mais uma machadada no lado poético da vida—a amizade convertida em mera sobreposição de umas tantas variações genéticas é coisa de estarrecer.
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