Hoje é Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
Portuguesas. Dia de manifestações patrióticas, discursos inflamados, desfiles
marciais, concertos de bandas militares. A Pátria foi o nosso berço e devemos-lhe
amor, diz-se. A pergunta é: Na segunda década do Século XXI, justifica-se a
cultura dos mesmos sentimentos patrióticos de há séculos atrás?
Feita uma pesquisa rápida na Net, encontrei um texto em que o autor, de seu nome Jared Boyles, estudante
no Manhattan College, reza mais ou menos assim:
O nacionalismo é um
ideal divisionista semelhante à
religião. Todas as ciências que estudam a interacção humana conhecem o que se
chama viés grupal, fenómeno que embora possa prevenir conflitos numa comunidade,
prejudica a benéfica discussão de ideias—dele resulta a polaridade grupal, com
normas, tradições e hierarquias aceites pelos
membros desses grupos como lei.
O nacionalismo pode
ainda ser perigoso ao alterar o destino da nação através de propaganda, censura
e violência. O amor à pátria consegue distorcer sentimentos e raciocínio de
forma não necessariamente benéfica para nós, nossas famílias e a sociedade. O
patriotismo Inicia guerras e anula os visionários. É bom ter ideais mas adoptar
os ideais da nossa nação e fazer deles verdades sagradas pode ser mortal.
Respeita a tua
nação e a sua história, comemora o seu património cultural, mas não te
apaixones por ela.
Para ser franco, acho que concordo com quase tudo que Boyles
diz. O mundo é hoje tão pequeno que o patriotismo começa a configurar um
fenómeno de clubismo. Os nossos problemas são os mesmos problemas do filipino, do
chinês e do esquimó. Somos um bando de 7 mil milhões de almas a lutar por
melhores condições de sobrevivência—mais nada. Fazemo-lo em escalas variadas,
é verdade, mas a diferença é só quantitativa. Bem no fundo, só queremos ser
felizes. Todos. Embora cada um tenha o seu modus
faciendi.
.

Sem comentários:
Enviar um comentário