Grosso modo, dependência é a necessidade compulsiva de determinado comportamento para conseguir um estado psicológico alegadamente confortável. Suspeito que a definição está tosca, mas serve. Quando se fala de dependência, em regra, pensa-se em compostos com efeito psicotrópico, como o álcool, a cocaína, a morfina, rebabá—é a dependência química. Mas há outras formas, nomeadamente a dependência comportamental, como o jogo, a onicofagia, a tricotilomania, o vandalismo e por aí fora. E ainda coisas "mestiças" como o fumar, por exemplo. E a Internet? Há Internet-dependentes?
É um facto que muitas pessoas,
mesmo sem motivo profissional, passam horas a navegar na Internet e privá-las da
rede pode constituir um problema. Mas o
que faz um Internet-dependente? Joga na bolsa? Vê vídeos de determinados temas?
Faz compras? Se é assim, a dependência é do jogo, da matéria dos vídeos, das
compras, como acontece com outros compradores compulsivos. A Net é um meio, não uma actividade em si própria.
A Net mudou o mundo. Criou recursos impensáveis para gente como eu
que, não sendo novo, não cheguei ainda à idade de Matusalém. O homebanking, o
cumprimento de obrigações fiscais, a aquisição de música online, os livros electrónicos Kindle
e semelhantes, o YouTube, o correio
electrónico, a leitura dos media, rebabá,
justificam a importância que a Internet
tem para o homem novo que somos nós e as horas que passamos com o rabo sentado
numa cadeira com almofada anti-escara a surfar no Google Chrome.
Fica o problema do
sedentarismo, é verdade. Mas para isso há ginásios onde se mantém o fitness e onde técnicos que precisam de
ganhar a vida trabalham afanosamente para nos fortalecer os glúteos, os
quadricípetes, os gémeos e os lombares, para não falar dos músculos das cordas
vocais que também trabalham bastante nesses centros. Sei do que falo.
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