Estava eu a surfar no Google Chrome quando me cai no campo
visual a seguinte frase:
Para os budistas, como para os ecologistas, todos os
indivíduos acabam; mas os seus constituintes continuam a viver para sempre,
numa espécie de processo de reencarnação bio-geo-química.
Tal e qual! Já tinha
pensado nisto muitas vezes e pergunto porque não o escrevi antes desse senhor David
Barash, professor de Psicologia e Biologia na Universidade de Washington. Não
sei há quanto tempo ele chegou a esta conclusão, mas eu descobri primeiro, tenho
quase a certeza.
Tudo começou com o Big-Bang, a formação dos primeiros
protões e electrões, depois do hidrogénio, das estrelas, do hélio, do carbono,
do oxigénio, do ferro e por aí fora. A seguir veio a vida, com os procariotas e os
eucariotas, o Australopiteco, o homem de Neanderthal, o Homo sapiens, culminando com Sampaio da Nóvoa, o Homo Novoens, o primeiro do que aí vem.
Naturalmente, sob este
ponto de vista, só não somos eternos porque começámos todos há 14 mil milhões de
anos, ou por aí; mas a nossa eternidade perfila-se no futuro. O átomo de
carbono que acaba de se destacar da unha do meu dedo médio direito ao teclar o
nome do Nóvoa será levado pelo vento e quiçá incorporado na batata cozida que o
Zezito irá comer ao jantar em 2018, no Estabelecimento Prisional de Évora, e
passará a ser património duma célula da sua artéria carótida interna esquerda
(da direita, não!). Isto é, desfaz-se a máquina quando morremos, mas ficam as peças. Com um bocado de sorte, ainda um dia se juntam todas e renascemos. Vai levar muito tempo pois passaremos por papagaios, lagartixas, rosas e cágados, mas a natureza não tem pressa. Tanto tempo que, quando um de nós reencarnar na forma actual, já nem se vai lembrar do que é agora. Provavelmente, terei até esquecido que escrevi isto no dia de Camões do ano de 2015. Já não me lembro agora onde deixei os óculos há 5 minutos, quanto mais lembrar-me disto daqui a 10 mil milhões da anos!
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