terça-feira, 9 de junho de 2015

'RIEN NE VA PLUS'

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O Zezito deu uma de dignidade. Confrontado com a possibilidade de abandonar a pildra anilhado, recusou a hipótese invocando o respeito que devem merecer os cargos políticos que desempenhou, nomeadamente de secretário-geral do PS, deputado, secretário de Estado, ministro, primeiro-ministro e provavelmente mais coisas que não me ocorrem agora e talvez seja melhor não falar. É bonito!
Zezito, de forma megalómana, compara a sua prisão às de Napoleão e Mandela e—não tanto megalómana assim—à de Mário Soares. Dir-me-ão que seis meses numa cela de outros tantos metros quadrados terão afectado o discernimento do homem. É possível. Mas para chegar a tal estado não era precisa muita afectação—o detido em apreço já nasceu um nadinha afectado: é da sua natureza. Napoleão e Mandela foram presos políticos. Zezito está detido por suspeita de crimes de delito comum. Não é bem a mesma coisa.
E o respeito pelos cargos políticos que ocupou deviam tê-lo impedido de aceitar empréstimos milionários de um amigo trabalhador numa empresa que, durante o exercício desses cargos, facturou milhões ao Estado; empréstimos feitos em cash e transportados para Paris em malas ou envelopes (porque não tinha confiança nos bancos, o que configura lavagem de dinheiro), e sem que haja uma nota ou apontamento, onde se veja o que foi emprestado, não se recordando nenhum deles quanto foi!
E também não devia viver naquela cidade em casa "alugada" ao tal amigo, pagando uma renda que, espantosamente, não se lembra de quanto era, não tendo o referido aluguer ocorrido há dez anos, mas há menos de dez meses! E tudo quanto acima se diz não é inventado por mim, pelos jornais, nem pelos magistrados: é dito por ele próprio, Zezito de seu nome, e pelo amigo.
Dir-me-ão que ainda há gente que acredita na lisura do homem. Eu sei. O Dr. Soares—que não sei se acredita—diz que acredita; e há mais assim! Mas, parafraseando Jô Soares, tem socialista que é cego. Não há nada a fazer.
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