segunda-feira, 8 de junho de 2015

SOBRE PINOCHETADAS

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O Senhor de la Palice  diria que os governos servem para governar. Consequentemente, quando tomam posse espera-se que o façam. Não com velocidade supersónica, não como um bólide da Fórmula 1, sequer como o Dr. Soares viaja na auto-estrada nº 1 quando tem pressa de chegar ao Porto, mas pelo menos com a velocidade dum jumento. Agora governo parado ou às arrecuas é que não.
Falo assim porque acabei de ler que o Syriza, eleito há cerca de seis meses, ainda não deu uma para a caixa. Mais concretamente, li o seguinte:

Aquele grupo de intelectuais e “revolucionários” burgueses e urbanos não faz a mínima ideia do que é governar; e a Grécia não tem governo desde o fim do ano passado. Tem um grupo de irresponsáveis que fala muito, queixa-se de tudo e passa o tempo a discutir. A única coisa que não fazem é trabalhar. Nem sequer foram capazes de tomar medidas para combater a corrupção ou a evasão fiscal. Nunca se fugiu tanto aos impostos na Grécia como agora. Mas aprenderam rapidamente os truques dos partidos que sempre atacaram. Por exemplo, dos doze diretores regionais nomeados pelo ministério da Educação, dez são do Syriza e um pertence aos seus aliados nacionalistas. Por outro lado, a economia e a situação fiscal estão bem pior do que há seis meses.  Resultado: nada melhorou; e o que estava a melhorar, piorou.

Naturalmente, desde a fase prodrómica da doença contraída pela Helénica República há meio ano que o prognóstico era reservado. A eleição do Syriza foi a última tentativa de salvar a Mátria Grega, achacada com doença crónica dependente de droga do grupo toxicológico da aldrabice, corrupção, sornice, golpismo e roubalheira. O Syriza foi a última tábua de salvação da República, mas a terapêutica viria a revelar-se emenda pior que o soneto. À doença crónica de longa data, sucedeu agudização conducente de forma rápida a situação pré-agónica. Cumpriu-se a tradição: ao contrário de Midas, a esquerda transforma tudo que toca em porcaria.
Dou mais seis meses—cortando por largo—à rapaziada syrízica para começar a ouvir donas de casa a bater nas panelas na Praça Syntagma. Depois virão talvez os coronéis porque a Grécia tem grande know-how nessa matéria. E então, sim: teremos poetas, baladeiros e tribunos inspirados escrevendo poemas sobre machados que não cortam a raiz ao pensamento, cantando as mais belas canções de protesto e levando às lágrimas audiências com coisas como países à beira de rios tristes. Bonito! Muito bonito!!...
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