O Senhor de la Palice diria que os governos servem para governar. Consequentemente,
quando tomam posse espera-se que o façam. Não com velocidade supersónica, não
como um bólide da Fórmula 1, sequer como o Dr. Soares viaja na auto-estrada nº
1 quando tem pressa de chegar ao Porto, mas pelo menos com a velocidade dum
jumento. Agora governo parado ou às arrecuas é que não.
Falo assim porque acabei
de ler que o Syriza, eleito há cerca de seis meses, ainda não deu uma para a
caixa. Mais concretamente, li o seguinte:
Aquele grupo de
intelectuais e “revolucionários” burgueses e urbanos não faz a mínima ideia do
que é governar; e a Grécia não tem governo desde o fim do ano passado. Tem um
grupo de irresponsáveis que fala muito, queixa-se de tudo e passa o tempo a
discutir. A única coisa que não fazem é trabalhar. Nem sequer foram capazes de
tomar medidas para combater a corrupção ou a evasão fiscal. Nunca se fugiu
tanto aos impostos na Grécia como agora. Mas aprenderam rapidamente os truques
dos partidos que sempre atacaram. Por exemplo, dos doze diretores regionais
nomeados pelo ministério da Educação, dez são do Syriza e um pertence aos seus
aliados nacionalistas. Por outro lado, a economia e a situação fiscal estão bem
pior do que há seis meses. Resultado: nada melhorou; e o que estava a
melhorar, piorou.
Naturalmente, desde a fase prodrómica da doença contraída
pela Helénica República há meio ano que o prognóstico era reservado. A eleição
do Syriza foi a última tentativa de salvar a Mátria Grega, achacada com doença crónica
dependente de droga do grupo toxicológico da aldrabice, corrupção, sornice,
golpismo e roubalheira. O Syriza foi a última tábua de salvação da República,
mas a terapêutica viria a revelar-se emenda pior que o soneto. À doença crónica
de longa data, sucedeu agudização conducente de forma rápida a situação pré-agónica.
Cumpriu-se a tradição: ao contrário de Midas, a esquerda transforma tudo que
toca em porcaria.
Dou mais seis meses—cortando por largo—à rapaziada syrízica
para começar a ouvir donas de casa a bater nas panelas na Praça
Syntagma. Depois virão talvez os coronéis porque a Grécia tem grande
know-how nessa matéria. E então, sim: teremos poetas, baladeiros e tribunos
inspirados escrevendo poemas sobre machados que não cortam a raiz ao pensamento,
cantando as mais belas canções de
protesto e levando às lágrimas audiências com coisas como países à beira de
rios tristes. Bonito! Muito bonito!!...
.

Sem comentários:
Enviar um comentário