Numa das secções da AEON Magazine são postas questões aos leitores, sendo as respostas publicadas depois de "filtradas" pela redacção. Uma das perguntas recentes é What would you fight for?, no sentido de "Por que causa estaria você disposto a lutar?
Há muitas respostas, mais do que o habitual noutras matérias: por
exemplo, pelos direitos dos animais, pelo fim das religiões, pela limitação da
riqueza individual, pelo fim da ignorância médica, pela queda do capitalismo e
sua substituição pelo socialismo, por uma coisa qualquer inútil (!) e rebabá.
Um dos respondentes, bastante pragmático, deixou-me de queixo
caído. Sem hesitação, explica que está disposto a lutar pela própria sobrevivência.
E acrescenta, com surpresa: "Que mais poderia ser?" Tal e qual.
É egoísmo isto? Ou a pergunta está mal feita e deveria ser:
"Além da sua sobrevivência, por que outra causa está disposto a lutar?" Estão
os outros respondentes mais interessados no socialismo, na erradicação da
riqueza individual, no fim das religiões, ou nos direitos dos animais do que na
sobrevivência? Não estão.
O janota referido, e putativo egoísta, explica que no corpo dele
há permanentemente células a morrer, substituídas por outras novas,
mas não se finam sem lutar, como manda a lei biológica. Por que razão faria ele—o
todo—coisa diferente das partes? E acrescenta que precisa de tecto, comida,
respeito, orgulho e, se possível, um Lamborghini, embora reconheça que o
Lamborghini não é necessidade premente mas ajuda muito a sobreviver.
Chegado aqui, quero fazer uma declaração de conflito de
interesses: a causa por que estou disposto a lutar também é a sobrevivência.
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