domingo, 7 de junho de 2015

SOBREVIVER

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Numa das secções  da AEON Magazine são postas questões aos leitores, sendo as respostas publicadas depois de "filtradas" pela redacção. Uma das perguntas recentes é What would you fight for?, no sentido de "Por que causa estaria você disposto a lutar?
Há muitas respostas, mais do que o habitual noutras matérias: por exemplo, pelos direitos dos animais, pelo fim das religiões, pela limitação da riqueza individual, pelo fim da ignorância médica, pela queda do capitalismo e sua substituição pelo socialismo, por uma coisa qualquer inútil (!) e rebabá.
Um dos respondentes, bastante pragmático, deixou-me de queixo caído. Sem hesitação, explica que está disposto a lutar pela própria sobrevivência. E acrescenta, com surpresa: "Que mais poderia ser?" Tal e qual.
É egoísmo isto? Ou a pergunta está mal feita e deveria ser: "Além da sua sobrevivência, por que outra causa está disposto a lutar?" Estão os outros respondentes mais interessados no socialismo, na erradicação da riqueza individual, no fim das religiões, ou nos direitos dos animais do que na sobrevivência?  Não estão.
O janota referido, e putativo egoísta, explica que no corpo dele há permanentemente células a morrer, substituídas por outras novas, mas não se finam sem lutar, como manda a lei biológica. Por que razão faria ele—o todo—coisa diferente das partes? E acrescenta que precisa de tecto, comida, respeito, orgulho e, se possível, um Lamborghini, embora reconheça que o Lamborghini não é necessidade premente mas ajuda muito a sobreviver.
Chegado aqui, quero fazer uma declaração de conflito de interesses: a causa por que estou disposto a lutar também é a sobrevivência.

O divertido jovem em apreço, zeloso com a própria sobrevivência e cuja fotografia está em cima, tem respondido a mais perguntas. Por exemplo, uma delas era esta: "Qual a prova da existência de Deus que constitui o mais complicado desafio para os ateus?" A esta respondeu: "O seu brilhantismo", ou seja, o meu, o do leitor, o de Jorge Jesus, o de Bruno de Carvalho, o de António Costa, o de Sampaio da Nóvoa mais o seu discurso—sobretudo o discurso que deixa Richard Dawkins entupido.
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