[...] A Dança e a Poesia, afirmava Fradique, as duas grandes artes orientais, iam em misérrima decadência. N'uma e outra se tinham perdido as tradições do estilo puro. As almées, pervertidas pela influência dos casinos do Ezbequieh onde se perneia o can-can, já poluíam a graça das velhas danças árabes, atirando a perna pelos ares á moda vil de Marselha! E na Poesia triunfava a mesma banalidade, mesclada de extravagância. As formas delicadas do classicismo persa nem se respeitavam, nem quasi se conheciam; a fonte da imaginação secava entre os muçulmanos; e a pobre Poesia Oriental, tratando temas vetustos com uma ênfase preciosa, descambára, como a nossa, n'um Parnasianismo bárbaro. [...]
Eça de Queirós in “A Correspondência de Fradique Mendes”
Eça de Queirós in “A Correspondência de Fradique Mendes”
.
Nota - Almées é a dança do ventre
Sem comentários:
Enviar um comentário