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As empresas na esfera do Estado devem um total de 38 mil milhões de euros. É quase metade do pacote de ajuda que Portugal recebe da troika.
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011
PRETO E BRANCO
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"De volta do trabalho"
Ricardo Manuk
XXVI Bienal Brasileira de Arte Fotográfica em Preto e Branco
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O CARROSEL DA POLÍTICA
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De acordo com o barómetro TSF/Diário Económico, o PSD tem neste momento 47,1% das intenções de voto, contra 23,3% dos socialistas. Após 100 dias de medidas impopulares que atingem os cidadãos, o maior partido do governo sobe e o PS desce.
Será porque as medidas tomadas pelo actual Governo são todas justas, inteligentes e acertadas? Claramente que não. O mais provável é os cidadãos terem percebido que o estilo do passado era insustentável. Aliás, é essa a explicação para a onda de governos de direita que se verificou na Europa.
A esquerda é generosa e pródiga em distribuir benesses, mesmo para além do que é realista. Tudo corre bem até ao dia em que os próprios beneficiários suspeitam que tal política não é exequível. É a hora da direita. Mas só até as coisas se comporem, ainda que apenas parcialmente – as saudades das mãos largas da esquerda são muito fortes e ela volta.
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011
OS GRANDES VELEIROS
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"Kaliakra"
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O “Kaliakra” foi construído em 1984, em Gdansk, na Polónia, e é, desde 2008, navio de treino da Academia Marítima de Varna, na Bulgária. Tem 52 m de comprimento, 8 m de boca e 3,5 m de calado. Desloca 392 t e tem 264 m2 de vela.
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FRASE DO DIA
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Se de facto há uma nova potência emergente no mundo, essa potência é a Europa.
Durão Barroso, em entrevista à CNN
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domingo, 25 de setembro de 2011
ACORDO ORTOGRÁFICO
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Circula na Net um texto sobre o Acordo Ortográfico que será do conhecimento de muitos. Embora extenso para um blog, aqui fica a sua transcrição para os que não o leram.
Omens sem H
Espantam-se? Não se espantem. Lá chegaremos. No Brasil, pelo menos, já se escreve "umidade". Para facilitar? Não parece. A Bahia, felizmente, mantém orgulhosa o seu H (sem o qual seria uma baía qualquer), Itamar Assumpção ainda não perdeu o P e até Adriana Calcanhotto duplicou o T do nome porque fica bonito e porque sim.
Isto de tirar e pôr letras não é bem como fazer lego, embora pareça. Há uma poética na grafia que pode estragar-se com demasiadas lavagens a seco. Por exemplo: no Brasil há dois diários que ostentam no título esta antiguidade: Jornal do Commercio. Com duplo M, como o genial Drummond. Datam ambos dos anos 1820 e não actualizaram o nome até hoje. Comércio vem do latim commercium e na primeira vaga simplificadora perdeu, como se sabe, um M. Nivelando por baixo, temendo talvez que o povo ignaro não conseguisse nunca escrever como a minoria culta, a língua portuguesa foi perdendo parte das suas raízes latinas. Outras línguas, obviamente atrasadas, viraram a cara à modernização. É por isso que, hoje em dia, idiomas tão medievais quanto o inglês ou o francês consagram pharmacy e pharmacie (do grego pharmakeia e do latim pharmacïa) em lugar de farmácia; ou commerce em vez de comércio. O português tem andado, assim, satisfeito, a "limpar" acentos e consoantes espúrias. Até à lavagem de 1990, a mais recente, que permite até ao mais analfabeto dos analfabetos escrever sem nenhum medo de errar. Até porque, felicidade suprema, pode errar que ninguém nota. "É positivo para as crianças", diz o iluminado Bechara, uma das inteligências que empunha, feliz, o facho do Acordo Ortográfico.
É verdade, as crianças, como ninguém se lembrou delas? O que passarão as pobres crianças inglesas, francesas, holandesas, alemãs, italianas, espanholas, em países onde há tantas consoantes duplas, tremas e hífens? A escrever summer, bibliographie,tappezzería, damnificar, mitteleuropäischen? Já viram o que é ter de escrever Abschnitt für sonnenschirme nas praias em vez de "zona de chapéus de sol"? Por isso é que nesses países com línguas tão complicadas (já para não falar na China, no Japão ou nas Arábias, valha-nos Deus) as crianças sofrem tanto para escrever nas línguas maternas. Portugal, lavador-mor de grafias antigas, dá agora primazia à fonética, pois, disse-o um dia outra das inteligências pró-Acordo, "a oralidade precede a escrita". Se é assim, tirem o H a homem ou a humanidade que não faz falta nenhuma. E escrevam Oliúde quando falarem de cinema. A etimologia foi uma invenção de loucos, tornemo-nos compulsivamente fonéticos.
Mas há mais: sabem que acabou o café-da-manhã? Agora é café da manhã. Pois é, as palavras compostas por justaposição (com hífens) são outro estorvo. Por isso os "acordistas" advogam cor de rosa (sem hífens) em vez de cor-de-rosa. Mas não pensaram, ó míseros, que há rosas de várias cores? Vermelhas? Amarelas? Brancas? Até cu-de-judas deixou, para eles, de ser lugar remoto para ser o cu do próprio Judas, com caixa alta, assim mesmo. Só omens sem H podem ter inventado isto, é garantido.
Isto de tirar e pôr letras não é bem como fazer lego, embora pareça. Há uma poética na grafia que pode estragar-se com demasiadas lavagens a seco. Por exemplo: no Brasil há dois diários que ostentam no título esta antiguidade: Jornal do Commercio. Com duplo M, como o genial Drummond. Datam ambos dos anos 1820 e não actualizaram o nome até hoje. Comércio vem do latim commercium e na primeira vaga simplificadora perdeu, como se sabe, um M. Nivelando por baixo, temendo talvez que o povo ignaro não conseguisse nunca escrever como a minoria culta, a língua portuguesa foi perdendo parte das suas raízes latinas. Outras línguas, obviamente atrasadas, viraram a cara à modernização. É por isso que, hoje em dia, idiomas tão medievais quanto o inglês ou o francês consagram pharmacy e pharmacie (do grego pharmakeia e do latim pharmacïa) em lugar de farmácia; ou commerce em vez de comércio. O português tem andado, assim, satisfeito, a "limpar" acentos e consoantes espúrias. Até à lavagem de 1990, a mais recente, que permite até ao mais analfabeto dos analfabetos escrever sem nenhum medo de errar. Até porque, felicidade suprema, pode errar que ninguém nota. "É positivo para as crianças", diz o iluminado Bechara, uma das inteligências que empunha, feliz, o facho do Acordo Ortográfico.
É verdade, as crianças, como ninguém se lembrou delas? O que passarão as pobres crianças inglesas, francesas, holandesas, alemãs, italianas, espanholas, em países onde há tantas consoantes duplas, tremas e hífens? A escrever summer, bibliographie,tappezzería, damnificar, mitteleuropäischen? Já viram o que é ter de escrever Abschnitt für sonnenschirme nas praias em vez de "zona de chapéus de sol"? Por isso é que nesses países com línguas tão complicadas (já para não falar na China, no Japão ou nas Arábias, valha-nos Deus) as crianças sofrem tanto para escrever nas línguas maternas. Portugal, lavador-mor de grafias antigas, dá agora primazia à fonética, pois, disse-o um dia outra das inteligências pró-Acordo, "a oralidade precede a escrita". Se é assim, tirem o H a homem ou a humanidade que não faz falta nenhuma. E escrevam Oliúde quando falarem de cinema. A etimologia foi uma invenção de loucos, tornemo-nos compulsivamente fonéticos.
Mas há mais: sabem que acabou o café-da-manhã? Agora é café da manhã. Pois é, as palavras compostas por justaposição (com hífens) são outro estorvo. Por isso os "acordistas" advogam cor de rosa (sem hífens) em vez de cor-de-rosa. Mas não pensaram, ó míseros, que há rosas de várias cores? Vermelhas? Amarelas? Brancas? Até cu-de-judas deixou, para eles, de ser lugar remoto para ser o cu do próprio Judas, com caixa alta, assim mesmo. Só omens sem H podem ter inventado isto, é garantido.
Nuno Pacheco in "Público"
MEGA-ESPECULAÇÃO
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O Tribunal de Barcelos vai julgar uma farmacêutica acusada de ter à venda duas embalagens de um medicamento com o preço de 22,97 euros, quando o correcto seria 21,16. A diferença entre um e outro é de 1,81 euros e, portanto, a “especulação” corresponde a 3,62 euros. Acrescente-se que o preço já vinha marcado na embalagem pelo laboratório fornecedor e a farmacêutica não o conferiu nas tabelas da DGAE e do Infarmed, consultando os respectivos sites.
Uma farmácia recebe diariamente centenas de embalagens com o preço já afixado e é materialmente impossível proceder à conferência na Internet. O caso afigura-se merecedor de um reparo por parte da ASAE, que foi quem detectou a situação, mas nunca de um processo judicial. O problema é que o laboratório fornecedor do medicamento anda em luta judicial com o Infarmed por causa do preço e a fiscalização actua em conformidade, procurando atingi-lo através das farmácias até à situação caricata atrás descrita.
A pergunta é: quantos processos de gargalhada como este contribuem para a pletora que inunda os tribunais portugueses ao ponto de os deixar bloqueados?
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sábado, 24 de setembro de 2011
ENTRE ASPAS
As expectativas de um dia ser líder do PCP ou da CGTP terão ido por água abaixo quando o agitador-mor dos professores acedeu a falar em público com Passos Coelho, de forma quase tão subserviente como a do primeiro-ministro sempre que se encontra com Angela Merkel. Aquele encontro à porta da escola - já com o acordo de avaliação aprovado com uma espécie de abstenção da Fenprof -, com Passos a dar-lhe lições, matou publicamente o espírito contestatário de Mário Nogueira, que até teve de se justificar logo de seguida numa entrevista ao Expresso."
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Filomena Martins in “Diário de Notícias”
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OS OSSOS DA POLÍTICA
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Marinho e Pinto, numa Assembleia Geral Extraordinária da Ordem dos Advogados afirmou que o Ministério da Justiça está entregue a um ex-Secretário de Estado da Justiça do Governo de José Sócrates que, por sinal, é cunhado da Ministra. E acusou esta de ter duas caras, uma quando estava na Ordem, pedindo que os honorários dos advogados que prestam apoio judiciário fossem pagos em oito dias, e outra agora porque mudou de discurso para não pagar. Segundo o Bastonário, tal revela clara falta de vergonha e elevado grau de oportunismo.
Marinho e Pinto é homem de falas intempestivas, mas não de calúnias. Não se está a vê-lo a confabular com estas coisas. Ficaria admirado se o que diz não correspondesse à realidade. Também as acusações não assentam muito bem em Paula Teixeira da Cruz, de acordo com a sua imagem pública. Mas a razão está de um dos lados e, atendendo ao período de austeridade que se atravessa, não surpreenderia que a Ministra esteja pressionada por circunstâncias inesperadas, com que não contaria, e seja obrigada a dar o dito por não dito. É assim a política. Quem se mete nela tem de contar com a eventual obrigação de lhe sairem papéis pouco agradáveis para desempenhar. Acontece a todos.
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sexta-feira, 23 de setembro de 2011
ROUBO DESPROPORCIONADO
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Um grupo de assaltantes roubou duas carrinhas para dar um golpe num café, em Vila Nova da Barquinha. Com uma, rebentaram a porta, e com a outra levaram o produto do roubo. E que levaram? A máquina do tabaco que teria uns tantos maços de cigarros e algum dinheiro.
O que impressiona nesta história? A desproporção entre o aparato da operação e o seu lucro. Parece indicação suficiente para admitir tratar-se de criminalidade “amadora”, manifestação preocupante do que aí pode vir em resultado do estado social e económico do País. Esperemos não chegar ao crime violento para roubar seja o que for, incluindo insignificâncias..
BUGATTI - EXEMPLAR ÚNICO
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Bugatti de 8 cilindros em linha, com 3,3 litros. Foi um exemplar único construído em 1939, para o Governo Francês oferecer ao Xá da Pérsia como prenda de casamento.
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ONDE VAI CAIR O 'UARS'?
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Já aqui falámos do satélite de observação das alterações climáticas (UARS) que anda há seis anos sem combustível e desgovernado e vai cair na Terra, hoje ou amanhã, desfeito em 26 grandes pedaços, depois de entrar na Atmosfera. Há a probabilidade de 1/3.200 de atingir pessoas.
A nave foi lançada pela NASA que segue agora a sua rota atentamente, tentando perceber onde cairá; mas não sabe. Não sabe, mas já respirou de alívio. Hoje mesmo anunciou que não atingirá os Estados Unidos – é a única certeza que tem, e boa.
E o resto do mundo? Bom, a avaliar pelas notícias, a NASA deve achar que depois de aterrarem todos os pedaços logo se saberá.
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quinta-feira, 22 de setembro de 2011
EVITAR O DESASTRE
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Passos Coelho confirmou na entrevista recente que continua a viajar em classe económica. Vai mesmo em económica para Nova Iorque. Acho bem. Estou com Miguel Alexandre Ganhão que escreve hoje no “Correio da Manhã”: A mensagem do chefe do Governo é clara: além de termos de viajar em económica ainda durante uns largos anos, o que é preciso para já é evitar a todo o custo que o avião se despenhe. Normalmente nestes casos não há sobreviventes.
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ADVOGADOS E DEPUTADOS
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“A acumulação de funções públicas com actividades privadas gera um mundo à parte que propicia e dissimula os negócios em torno do Estado, dos seus órgãos centrais, regionais e locais, dos seus institutos e empresas, etc.. Muitas dezenas de políticos acumula(ra)m funções públicas (nomeadamente deputados) com actividades privadas (principalmente de advocacia). Entre eles, destacam-se António Almeida Santos (uma espécie de patriarca do mundo dos negócios público-privados), Manuel Dias Loureiro, Domingos Duarte Lima, Ricardo Rodrigues, Guilherme Silva, Vera Jardim e Paulo Rangel, entre muitos outros. Este último, que tanto tem berrado publicamente contra o PS, nunca teve divergências políticas com o dirigente socialista António Vitorino na grande sociedade de advogados de Lisboa de que ambos são sócios. Aí nunca sentiu qualquer claustrofobia democrática. Pelo contrário, parece que ambos se sentem lá muito bem oxigenados.”
Assim termina o artigo de opinião do bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, publicado no “Jornal de Notícias” de 27 de Junho. É um texto que vale a pena ler na íntegra. Pode fazê-lo aqui.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
A RESISTÊNCIA À CRISE NÃO É ILIMITADA
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Dilma Rousseff disse hoje, na Assembleia Geral da ONU, que o Brasil, tal como os outros países emergentes, tem sido menos afectado pela crise mundial, mas é sua vontade ajudar os países mais avançados a resolvê-la. Isto porque reconhece que a capacidade do Brasil resistir não é ilimitada.
Dilma tem noção da necessidade da saúde da economia mundial para todos poderem progredir. É uma visão mais ou menos primária, ao alcance de todos os não economistas. Mas, infelizmente, há quem faça por ignorar tal facto, virado para o próprio umbigo. A Senhora Merkel é o exemplo mais claro. Preocupada em defender os interesses alemães por razões eleitorais, vai conduzindo a política da Alemanha sem pensar que a resistência à crise, como diz Dilma, não é ilimitada.
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BOAS NOVAS
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Nos últimos anos tudo corre mal no nosso País em matéria de economia. Já nos habituámos a ler o jornal e tropeçar em cada página com más notícias. Pois hoje há boas novas: as receitas do turismo atingiram, no primeiro semestre, o valor mais alto de sempre. Ainda o ano ia a meio e já haviam ultrapassado as de todo o ano de 2004, ou seja, 3,246 milhões de euros, mais 8,8% que no ano passado e superior ao recorde de 3,139 milhões em 2008. Até em Junho, os montantes foram maiores que os de 2004, ano da realização do Campeonato Europeu de Futebol. A maior parte dos turistas vieram da França, Reino Unido e Brasil.
Provavelmente, em período de crise, os valores mencionados não correspondem a aumento de interesse por Portugal, nem a melhoria significativa da nossa hospitalidade. Estaremos a beneficiar da agitação social no Norte de África, que desviará o turismo para área mais higiénica. E chamo-lhe higiénica porque me lembrei de um professor que dizia ser anti-higiénico fumar em cima de um barril de pólvora.
Sem desejar mal a ninguém, fazemos votos para que os frequentadores da nossa concorrência continuem a rumar a terras lusitanas. O País está de tanga e bem precisa de receita que se veja.
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terça-feira, 20 de setembro de 2011
OS GRANDES VELEIROS
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"HMS Gladan"
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O navio “HMS Gladan” é uma escuna de dois mastros, lançado em 1947. Serve como navio de treino da Marinha da Suécia. Tem 34,4 m de comprimento, 7,2 m de boca, 4,2 m de calado e 680 m2 de velas.
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CITANDO
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"A troika tornou-se uma brigada de minas e armadilhas, descobre "bombas" nos nossos recantos. O ministro das Finanças exaspera com o défice que se esvai, os contribuintes matam-se de impostos para cobrir os alçapões. O país, se é sério, elege quem não o é."
Pedro S. Guerreiro in “Correio da Manhã”
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O PERIGO QUE VEM DO ESPAÇO
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Um satélite lançado há 10 anos, destinado a avaliar as alterações climáticas, vai despenhar-se na Terra na próxima Sexta-Feira. Tem a dimensão de um autocarro e o peso de 5,6 toneladas. Uma parte ficará destruída ao entrar na atmosfera, mas pelo menos 26 grandes pedaços atingirão o planeta em latitudes bastante amplas. A possibilidade de alguém ser atingido é remota, dizem: 1 em 3.200.
Em minha opinião, 1 em 3.200 não é possibilidade assim tão remota. Penso ser bastante maior que a de ganhar o Euromilhões e já muita gente o ganhou. O problema põe-se de forma diferente. A gestão internacional do espaço não existe e este vai sendo inundado de material, muito do qual fica sem controlo ao fim de meses ou anos. Uma parte mantém-se em órbita, o que constitui um risco, e outra volta à Terra de forma desgovernada, como acontece agora com este satélite, risco ainda maior. Espera-se que não seja necessário ocorrer uma tragédia para que a exploração do espaço comece a tomar precauções com a enorme quantidade de naves e coisas parecidas que coloca em órbita.
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011
OS BONS TEMPOS DA FÓRMULA 1
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O piloto argentino Jose Froilan Gonzalez conduz um Ferrari no Circuito de Nurburgring, em 1954. A prova foi vencida pelo seu compatriota Juan Manuel Fangio, em Mercedes.
Repare-se que o único cinto do corredor é o cinto das calças.
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DITOS
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Obama pretende lançar um imposto extraordinário para rendimentos acima de um milhão de dólares, a fim de reduzir o défice. Anunciou-o no jardim da Casa Branca e, prevendo as críticas, apressou-se a esclarecer:
“Não falamos de luta de classes. Isto é Matemática.”
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SOLIDARIEDADE RECÍPROCA
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Victor Gaspar é um homem de palavras calmas e reflectidas. Interrogado sobre se iria lançar novas medidas de austeridade, na sequência das notícias da Madeira, o Ministro afirmou que “a solidariedade nacional apenas será accionada no momento em que a Madeira assegure que as suas responsabilidades serão cumpridas”. Isto é, chegou a altura de acabar com perdão de dívidas e outras malfeitorias de Jardim.
Victor Gaspar é um homem de palavras calmas e reflectidas. Interrogado sobre se iria lançar novas medidas de austeridade, na sequência das notícias da Madeira, o Ministro afirmou que “a solidariedade nacional apenas será accionada no momento em que a Madeira assegure que as suas responsabilidades serão cumpridas”. Isto é, chegou a altura de acabar com perdão de dívidas e outras malfeitorias de Jardim.
Os madeirenses habituaram-se à governação do seu Presidente e gostam dela porque lhes rende frutos. Frutos conseguidos à custa da retórica de que tudo que o Continente pague à Madeira é justo e não é de mais. Chegou o momento de perceberem a tremenda injustiça a que os métodos de Alberto João Jardim conduzem. Os portugueses do Continente, em enormes dificuldades, são solidários com a população da Madeira, mas exigem, como disse Victor Gaspar, que ela assuma as suas responsabilidades com lisura. O escândalo da dívida encoberta é um facto imperdoável. É obrigação dos nossos compatriotas do Arquipélago reconhecerem isso, para bem de todos, incluindo eles.
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domingo, 18 de setembro de 2011
AS LINHAS QUE COSEM A POLÍTICA
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Strauss-Kahn vai hoje dar uma entrevista, a primeira desde a cena daquela fatídica manhã no hotel de Nova Iorque. Espera-se que vá explicar o sucedido mas, à cautela, a entrevista vai ser conduzida por uma antiga jornalista amiga da sua mulher.
Há algum consenso de que Strauss-Kahn terá sido apanhado numa ratoeira montada pelos americanos para o excluir do FMI, provavelmente porque conheceria coisas que não convinha saberem-se. O homem tem um fraco incontrolável pelo sexo oposto e caiu como um anjinho. Os meios de comunicação organizaram o circo e, quando ele resignou ao lugar no FMI e foi substituído, as autoridades americanas levantaram todas as acusações, o que é sintomático.
Cheira tudo a esturro, mas os resultado foi o pretendido. Não só deixou o FMI, como liquidou a hipótese de candidatura à Presidência Francesa. Uma sondagem realizada há poucos dias em França mostra que a maioria dos franceses quer Kahn fora da política.
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METER OS PÉS PELAS MÃOS
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“O Sócrates, o Teixeira dos Santos e o seu deputado Maximiano (candidato do PS à presidência do governo), que fez esta pouca vergonha toda à Madeira, tinham uma lei em que o Governo da República podia aplicar sanções sobre o governo regional, se o governo regional continuasse com obras a fazer dívida, porque eles não nos tinham dado o dinheiro e não nos autorizavam a fazer dívida. Foi por isso que não era aconselhável, porque eles ainda nos tiravam mais dinheiro, se andássemos a mostrar o jogo todo a um Governo socialista que não era sério. Nós estávamos em estado de necessidade e, por isso, agimos em legítima defesa.”
Parece anedota, mas foi assim que Jardim falou ontem depois de na véspera ter negado a existência de dívida oculta. Jardim mete os pés pelas mãos e espera-se que ninguém o leve a sério. Não estou a falar dos portugueses do Continente, mas especialmente dos portugueses da Madeira.
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sábado, 17 de setembro de 2011
VAMOS ATRIBUIR RESPONSABILIDADES
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A Procuradoria-Geral da República vai analisar a situação das dívidas não contabilizadas na Madeira, podendo o caso configurar crime por parte dos titulares de cargos políticos no Arquipélago. Não sei se configura ou não, mas o que parece, a mim e a todos, é que as coisas não podem ficar assim, ou seja, o Governo Central paga – pagamos nós – e Jardim descalça mais uma vez a bota e fica pronto para a próxima.
É urgente pôr ponto final nas arbitrariedades do Presidente do Governo Regional, que irão continuar – fazem parte da sua natureza. E quem o elege há mais de 30 anos também precisa de um aviso. Se os madeirenses chamados a participar na reparação dos estragos que o seu líder precipitou sentirem na pele os custos de tal encargo, talvez no futuro reflictam melhor antes de lhe entregar de novo o poder. Todos iremos pagar as asneiras de Jardim; mas parece justíssimo que seja a população madeirense a ficar com a parte de leão das responsabilidades – afinal, são eles que lhe dão maiorias absolutas consecutivas há três décadas.
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sexta-feira, 16 de setembro de 2011
EDUARDO GAGEIRO
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Ferreira de Castro fotografado em 1968 num hotel de Sintra onde passava uma temporada do ano.
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DITOS
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O PS é como aquelas casas comerciais que acumulam prejuízos e depois fecham e abrem com nova gerência.
Luís Montenegro
Nem paro com as obras, nem vou afastar ninguém da função pública.
Alberto João Jardim
O Lello também foi estudar Filosofia? Faz falta nos debates trogloditas.
Joaquim Letria
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O JARDIM DA MADEIRA
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Na Madeira, além do buraco já conhecido recentemente de cerca de 500 milhões de euros, surge agora outro de mais de mil milhões, cuidadosamente escondido por Jardim. Tal facto vai obrigar a rever défices nacionais de anos passados e complica muito o plano de correcção das contas públicas ajustado com a troika.
Perante isto, que dizer? Seguro pediu que o PSD retirasse a confiança política em Jardim e com razão. O Presidente do Governo Regional comporta-se com o maior desprezo pelo resto do País. Partindo do reconhecido atraso da Região no antigo regime, tem cavalgado esse facto para obter do Governo Central condições de financiamento leoninas. Mas tal não lhe bastou: foi para além disso, até ao ponto de criar dívida não reportada às instituições competentes. É manifestamente um caso inaceitável, merecendo do “Finantial Times” a expressão de “Madeira, a ilha desonesta”. Receia-se bem que, com este senhor que governa o Arquipélago, Portugal vá alinhar na opinião pública mundial com a Grécia, especialista em aldrabar as contas do Estado. O futuro de Portugal já não é brilhante; mas com Jardim, receia-se o pior. E mais uma vez se pergunta se vale a pena ao PSD sustentar este senhor para ganhar eleições na Região Autónoma.
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011
MÁ LÍNGUA
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Nuno Morais Sarmento é advogado de Silva Carvalho, o espião que se passou com armas e bagagens para a Ongoing. Mas Morais Sarmento participava também num programa da SIC chamado “Contraste”. A partir de Julho, o programa acabou. Porquê? Segundo a SIC, porque o canal de Carnaxide está a repensar a programação.
Só as más línguas dizem que tudo tem a ver com a irritação de Balsemão, que não gosta de ver o advogado de Silva Carvalho na sua televisão.
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FENÓMENO ANTIGO E EM CRESCENDO
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Uma investigação da revista “Visão” sobre as fraudes académicas revela que 70% dos alunos praticam plágio na elaboração de trabalhos científicos, e só poucos são apanhados pelos docentes.
Mas o plágio não é exclusivo dos alunos: em Portugal já foram retirados títulos académicos a doutorados por se ter verificado que os trabalhos das teses não eram originais. O mesmo tem acontecido no estrangeiro.
Em primeiro lugar deve dizer-se que o fenómeno não é novo – sempre existiu. Acontece que, com a Internet e a capacidade de acesso a incontável número de artigos científicos, a tentação do plágio é muitas vezes incontrolável. E é incontrolável porque o número de artigos é tão grande que a probabilidade de se ser apanhado é remota. Infelizmente para os plagiadores, o que cria a oportunidade da fraude, ou seja, a tecnologia informática, encontra também meios de a detectar. E, salvo o caso de um qualquer cientista avaliador de um trabalho conhecer suficientemente bem a parte plagiada e a sua origem, só com programas de software muito sofisticados se pode apanhar um desonesto. E tais programas existem.
Mas há mais nesta matéria. Refere também a investigação da revista que existem empresas em condições de efectuar teses de mestrado e doutoramento à medida. Este aspecto é novo para mim, embora já tivesse ouvido falar de trabalhos realizados por familiares.
A ética na Ciência vai-se deteriorando à medida que o acesso a posições de relevo nos quadros das instituições científicas, e a sua manutenção, exigem actividade editorial intensa. É a enorme pressão a que os investigadores estão sujeitos que cria o clima favorável a tais trapalhices que têm caído nos melhores panos de todo o mundo.
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quarta-feira, 14 de setembro de 2011
A DELICADEZA DO JULGAMENTO
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A juíza que julgou o réu conhecido por “violador das Telheiras” condenou-o a 25 anos de prisão, a maior pena possível. Não estou em condições de fazer a avaliação da sentença mas, pelo que conheço, acho que o julgado merecia punição exemplar, como aconteceu.
Até aqui, tudo bem. O que não está bem são os comentários que a juíza fez ao caso, relatados na imprensa.
Segundo o CM, terá afirmado: “Sotero não matou ninguém, mas mata-se muita coisa com a violação”. E terá acrescentado que, se pudesse, “dava-lhe 110 anos”.
Não se discute se um juiz pode ter opinião sobre a enormidade e impacto emocional de um crime, ou vários crimes. Naturalmente que pode e deve. Mas o seu trabalho consiste em julgar objectivamente e aplicar a lei com cabeça fria. As declarações da magistrada fazem-nos recear alguma emotividade no julgamento, o que nunca deve acontecer, por mais repugnante que seja o crime. Neste caso, aceita-se que a pena foi adequada, apesar disso. Mas, noutras circunstâncias, quem julga assim, dominado pela emoção, corre um risco que deve evitar.
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A PODA
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O Primeiro-Ministro anunciou que vai extinguir 137 entidades públicas e 1717 lugares dirigentes na Administração Central. Tal resultará na economia de 100 milhões de euros no Orçamento de 2012. Agora, se me é permitida uma sugestão ao chefe do governo, deve ir às autarquias e aos governos regionais, para continuar a poda. É que há por esse País fora coisas a pedir tesourada urgente.
Não se diz que muitas autarquias não tenham desempenho perfeito e cristalino. Pelo contrário, há serviços camarários de se lhes tirar o chapéu. Mas ao lado destes, há casos de bradar aos céus.
O Dr. Passos Coelho é homem de falas brandas e bons modos. Por isso, e por este tipo de medidas tardarem a ser anunciadas, corria algum desânimo entre os seus simpatizantes e até em pessoas do partido. Com tranquilidade, parecem começar a surgir sinais do tão desejado corte na despesa que se espera vá continuar. Os votos que todos fazemos é que a tesoura do Governo vá em frente firme e esclarecida.
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terça-feira, 13 de setembro de 2011
ENTRE ASPAS
"Se a situação financeira de Portugal é de emergência, a da Grécia é de calamidade. A taxa de 69% da dívida grega é apenas um sintoma absurdo disso mesmo. Começa a desenhar-se o cenário de que o país não pague mesmo parte das suas dívidas aos credores, o que era impensável. Esse cenário, para a Grécia, é quase tão fatal como a saída do euro, embora tenha menos risco para o resto da Europa.
Para Portugal, o importante é fugir do efeito de sucção que esse trágico acontecimento grego terá, se vier a confirmar-se. E isso passa pelo cumprimento ao cêntimo do plano da "troika". Daí a obsessão do cumprimento do défice orçamental deste ano, custe o que custar, em cortes de despesa e em impostos. E bem que está a custar."
Pedro S. Guerreiro in “Correio da Manhã”
PORTUGAL ESTÁ PRIMEIRO
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Passos Coelho disse ontem que deixar tudo como está, mesmo que seja o caminho da ruína, é muito mais cómodo; e que repetir velhas divisas também é mais cómodo do que atender aos problemas efectivos.
Prende-se isto com os protestos contra as mudanças iniciadas sobretudo nalguns sectores do chamado Estado Social. Naturalmente que haverá cortes porque são inevitáveis. O ideal, e assim se espera que seja, é que incidam em correcções de coisas que estão mal, sem afectar a eficiência, ou afectando-a minimamente. É difícil tal objectivo, sabe-se. Só com a colaboração de todos pode ser atingido. E é aqui que entram as oposições, sindicatos, organizações patronais e por aí fora. Ou há consciência colectiva da necessidade de colaborar, pondo de parte interesses políticos fragmentários, ou a Nação estará em risco. Portugal espera a melhor colaboração de todos, incluindo do Governo, que deve dar ouvidos às críticas justas e fundamentadas.
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LISBOA À NOITE
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A área de Lisboa, na noite de 31 de Dezembro de 2010, observada do espaço
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(Fotografia enviada por Francisco Carvalho)
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011
EFEMÉRIDE
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Há 49 anos, neste dia, John F. Kennedy anunciou que os Estados Unidos estavam a iniciar o projecto de ir até à Lua ( "We choose to go to the moon”). Tal verificou-se na sequência do envio para o espaço, pela União Soviética, do astronauta Yuri Gagarine, em 12 de Abril de 1961. Morto em 1963, Kennedy não pôde assistir à chegada à Lua de Neil Armstrong e Buzz Aldrin, no dia 21 de Julho de 1969.
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SIR ALEX
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Alex Ferguson é muito gentil. Confrontado pelos jornalistas com o jogo da Luz na próxima Quarta-Feira, declarou: “O jogo de abertura é o mais difícil para nós. O Benfica é sempre um problema e esperamos sempre um jogo difícil. Vi um par de jogos deles como visitantes na época passada e foram absolutamente brilhantes”.
Brilhantes!... Isso mesmo!...Não há nada melhor que ver o adversário a animar o Benfica. Agora só falta não “desiludir” Alex Ferguson.
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PORTUGAL COM ORELHAS DE BURRO?
Noutros tempos, quando as crianças se portavam mal na escola, ou não sabiam a lição, os professores punham-nos num canto da sala com grandes orelhas de burro. A prática caiu em desuso por tal humilhação ser considerada imprópria de adultos em relação às crianças.
Ontem o Comissário Europeu da Energia, o alemão Gunther Oettinger, recuperou o método: propôs que as bandeiras dos países infractores em matéria de dívida fossem colocadas a meia haste nos edifícios da União Europeia, como meio de dissuadir tal comportamento. Não disse se os representantes desses países deviam aparecer nas reuniões da União com orelhas de burro, talvez porque não se tenha lembrado.
A proposta é de tal forma absurda e inaceitável que custa a acreditar seja verdadeira. Estamos a falar do Comissário de um grande País da Europa. A ser verdade, começa a compreender-se porque a Europa está no estado de putrefacção que todos conhecemos.
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domingo, 11 de setembro de 2011
COMPANHEIROS DE LUTA
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Seguro e António Costa parece que não ligam muito bem. Ontem ocorreu uma cena mais ou menos caricata no estúdio da TVI no Congresso socialista. Costa estava a ser entrevistado e Seguro entrou e juntou-se à conversa. O primeiro não gostou, levantou-se zangado e foi embora, levando consigo o microfone na lapela porque nem teve tempo de o tirar.
O Presidente da Câmara de Lisboa terá dito depois aos jornalistas que Seguro representa nova etapa de intimidade entre a liderança política do PS e a comunicação social. Mais não disse, mas gostaria de dizer, admite-se. Recorde-se que Costa, na “Quadratura do Círculo”, quando se falava de Seguro, disse esta coisa sintomática: “Não o conheço”.
“Não o conheço” é a melhor forma de manifestar desdém por alguém que se conhece bem de mais. Já se sabia que entre correligionários as inimizades são frequentes. Mas, no mínimo, o que se espera é que em público eles saibam disfarçar isso. Estes episódios não são só maus para os protagonistas: são péssimos para a imagem dos partidos e para os políticos em geral.
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