Diz-se, ou dizem alguns, que a morte, e sobretudo o pós-morte,
são o maior problema da Filosofia. Talvez sejam, mas não me parece. Passo a
explicar porque digo tal.
No Século XIX, Pasteur concluiu, e bem, que um ser vivo
só pode provir de outro ser vivo. Por outro lado, sabemos que a vida—na Terra pelo
menos—tem poucos milhares de milhões de anos; logo teve princípio, diria La
Palice. Princípio como, se não havia por definição outra vida para lhe dar
vida? Aí está uma boa pergunta!
A resposta óbvia é que a vida se gerou a partir de material
não vivo, isto é, um número grande de compostos químicos complexos organizou-se
de modo sofisticado, de forma a constituir uma estrutura capaz de se multiplicar—chama-se
a isto abiogénese, embora o nome não interesse. Provavelmente, ou quase de
certeza, ou mesmo de certeza, foi uma base de ácido desoxirribonucleico (ADN,
ou DNA na forma anglo-saxónica). E pronto, está resolvido o problema. Está? Não
está!
Não está porque nunca se conseguiu encontrar em
laboratório condições para isso acontecer, nem mesmo nos centros mais avançados
da Biologia. E também não se vislumbram, no que se conhece da evolução do planeta,
condições favoráveis ao fenómeno. E agora? Agora, não sabemos, prontes—entramos
na matéria da fé.
Quem a tem, diz que foi Deus. Quem a não tem diz que não
é por não sabermos agora como foi, que não foi. Empate técnico, diria. Quem
souber desempatar, peça a palavra.
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