Repito-me, mas tal é próprio dos velhos—há pior, verbi
gratia o Dr. Soares! Mas queria eu dizer, e isso é que interessa, as estrelas, quando morrem por esgotamento do
hidrogénio, arrefecem, o núcleo colapsa pelo efeito da força da gravidade, a
"casca" é expulsa em grande velocidade para o espaço, o show é
deslumbrante e chama-se supernova que, afinal, é supervelha mas não interessa
isso agora. A pressão dentro do núcleo colapsado
é medonha, pior que no Metro em hora de ponta, os electrões dos átomos são
empurrados para dentro do núcleo, fundem-se com os protões e formam neutrões.
Chama-se à cangalhada assim fabricada uma estrela de neutrões, prontes.
Tais estrelas têm movimento de rotação como a Terra, mas
um nadinha mais rápido: podem girar à velocidade de 43.000 voltas por minuto, o que faz os dias
passarem depressa—nem dá tempo para lavar os dentes! Algumas têm campos
magnéticos fortíssimos, mil biliões de vezes mais forte que o da Terra—é obra!
Quando são assim, chamam-se estrelas magnéticas, ou magnetares.
A pressão muito elevada no interior "mete"
muita massa num pequeno volume. A gravidade é tanto maior quanto maior for a massa
e menor o volume que ocupa. Nestas estrelas pode existir massa equivalente a
500 mil vezes a da Terra numa esfera com 20 km de diâmetro, menos que a
distância de Lisboa a Cascais. O resultado é que uma colher de chá pesa ali,
comparando com o nosso planeta, cerca de
mil milhões de toneladas. Imaginem quem consegue mexer o café!
Pois a fotografia aí em cima é dum aborto desses. É uma
estrela de neutrões, magnética, que está na Constelação da Cassiopeia, a 10.000
anos/luz de nós—espero que lá continue—e se chama 1E 2259+586. Eh...Eh...Eh...: tem o nome que merece! Imagine o leitor
que se chamava—o leitor, claro!—3G 4726+694, ou 7P 3742+888. Se fosse uma
leitora, chamar-se-ia 9H 6439+875 F, para se saber que é do sexo feminino.
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