Existimos porque uma série de factos inexplicavelmente concorrentes isso permitiram e permitem. Se o ritmo de fusão de protões dos núcleos de hidrogénio fosse mais célere no Sol, este ter-se-ia extinto antes da vida surgir na Terra e, consequentemente, não haveria vida inteligente—nem burra, quanto mais inteligente! Se o ritmo fosse mais lento, a produção de energia no Sol—e portanto a que chega à Terra—seria insuficiente para a ocorrência dos fenómenos bioquímicos que conduziram ao aparecimento de seres vivos. Se os protões—as sementes do hidrogénio formadas a seguir ao Big-Bang—não fossem estáveis, não haveria átomos, não haveria hidrogénio, não haveria hélio e não haveria outros átomos mais pesados de que somos formados, como o oxigénio, o carbono, o ferro e por aí fora. O Sol é a fornalha que nos mantém vivos, sendo os átomos de hidrogénio a sua lenha e os de hélio as cinzas solares.
Os átomos de hidrogénio formaram-se muito cedo na vida do universo e
isso só foi possível porque havia protões e electrões e os neutrões vieram a
seguir, a partir dos protões. E toda esta cangalhada nasceu porque havia quarks
estáveis e bosões, agentes das forças indispensáveis à coesão das partículas,
blá, blá, blá.
Por cálculos muito precisos e fundamentados—não por palpite,
como Portas no vídeo aqui em baixo—sabemos que o Sol consumiu combustível
correspondente a metade da sua vida, ±
4,5 mil milhões de anos. O Senhor de La Plalice diria que, sendo assim, ainda
vai durar ± 4,5 mil milhões de anos.
E depois? Depois, tudo leva a crer, kaput.
Dá que pensar isto. Não é que estivesse à espera de mais
uns aninhos de Sol para assegurar mais
alguns também para mim—andarei lá perto, mas não chego lá. Mas, para os
contemporâneos desse fenómeno catastrófico que se aproxima a passos largos,
como vai ser?
Esclareço que, se houver pessoal por essa altura, ninguém
assistirá ao falecimento da estrela. Antes dela se passar, já eles terão morrido
porque o Sol terá crescido e chegado à órbita da Terra e, antes disso ainda, já
os oceanos se terão evaporado, tudo terá sido grelhado em lume forte e o calor
será pior que em Beja no Verão. Em resumo, o Homo sapiens—a suprema maravilha
do universo, segundo ele—acaba.
Assim, sem mais nem menos?!
Exactamente!!
Perguntar-se-á: "Mas então, qual foi o nosso
papel?" Não sei responder, mas cheira-me a que foi papel de embrulho. Olhem para o pontinho branco, mesmo no meio da rodela azul da figura em cima e à esquerda, a Nebulosa do Anel, falada há dias aqui—aquele pontinho era uma estrela maior que o nosso bem amado Sol cuja figura vai ser ainda mais triste! Uma lástima!
...
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