Miguel Sousa Tavares (MST) não faz muito o meu género; digo-o previamente em jeito de declaração de conflito de interesses. O homem gosta da boutade, tem conversa de quem paira acima do mortal comum, é “do contra”―coisa que, tout cout, dá imagem―e é definitivo no que afirma, quase sempre em divergência com o povão, que somos nós. Mais definitivo que Pedro Marques Lopes―difícil, mas é!
Pois MST, em entrevista ao “Jornal de Negócios”, declarou
que em Portugal não surgirá um Beppe Grillo porque já temos um palhaço, o
Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Tirava o chapéu a MST se ele não
se comportasse posteriormente como um cágado.
A Presidência da República enviou as declarações para a
Procuradoria-Geral da República e MST arrisca uma pena que pode ir até três
anos de prisão. Provavelmente, nem um mês será e o mais certo, neste recanto, cume da cabeça de Europa toda, nem sequer um dia. Mas MST molhou a fralda e fez marche
arrière: que não, a boutade não foi espontânea, foi o jornalista que encaminhou
a conversa, puseram aquilo no título com relevo excessivo para fazer cacha, que
tem o maior respeito pelo Presidente da República/Institução, que já me borrei
todo, etc. e tal, blá, bá, blá.
É caso para dizer que melhor seria ter guardado de
Conrado o prudente silêncio. Agora, vai ter algumas contracções
espasmódicas do cólon descendente e da ansa ilíaca e ameaças de trovoada molhada. É a vida!
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