Dario era rei dos persas e começa com ele este post. Um dia, na presença de gregos de visita à sua corte, perguntou-lhes quanto queriam eles para comer os cadáveres dos seus pais. Horrorizados e pálidos, os gregos mandaram Dario abaixo de Braga. Chamou então membros duma tribo indiana com tradição de comerem os cadáveres dos pais e, na presença de intérpretes para grego, perguntou-lhes quanto queriam para deixar queimar os cadáveres dos seus pais. Os indianos mandaram Dario idem, aspas—os gregos cremavam os mortos.
Moralidade da história—que deve ser inventada mas podia ser verdadeira: tudo é relativo e convencional, até o que não parece. O Poeta Píndaro, que não tive o prazer de conhecer, dizia que o costume é rei de tudo. Não se põe o problema de um lado estar certo e o outro errado—simplesmente, não há respostas certas, dizem os relativistas.
Por exemplo, o Manelinho é traquina e o professor, farto
de o aturar, pergunta-lhe: "tu és um filho da p..., não és? Manelinho também
é relativista: "Se a minha mãe for a minha, não sou; mas se for a do senhor
Professor, sou. Já tem barbas, mas vem a propósito.
Alfred North Whitehead, também conhecido em Portugal por Alfredo
Norte Cabeça Branca, perguntava, dois aninhos depois de eu vir ao mundo, o que era a moralidade num dado tempo e lugar. E esclarecia: é o que a maioria gosta; acrescentando que imoralidade é o que não
gosta. Tal e qual! A escravatura e a pena de morte, por exemplo, são morais ou
imorais, conforme o ponto de vista dos povos ao longo da História, porque os
pontos de vista evoluem também com o tempo nos vários lugares, coisa complicada.
Relativismo é perigoso ou não. Depende, porque o próprio relativismo é relativo. Para
os "progressistas" é uma bênção, ao subvalorizar a condenação ética
do casamento homossexual, do consumo das drogas, da liberdade sexual e por aí
fora. Para os conservadores é uma praga que dissolve os costumes.
Bento XVI, verbi gratia, escrevia em 2005: Um
obstáculo insidioso à educação é a presença maciça na sociedade e na cultura do
relativismo que, ao reconhecer que nada é definitivo, deixa tudo ao critério último
do próprio desejo. E, sob a capa da liberdade, torna-se numa prisão porque
separa as pessoas, ao fechá-las no seu 'ego'. No lado oposto, os
libertários fizeram da proclamação de que vale tudo o seu mantra, ou grito de
guerra. É a sociedade em movimento porque faz parte da sua natureza não parar, prontes.
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Notas i) a personalidade em cima e à esquerda, é Dario, antecessor de Mahmoud Ahmadinejad e rei dos persas. ii) a personalidade da direita é o poeta Píndaro, que não tive o prazer de conhecer.
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