A vida surgiu na Terra sob a forma de seres elementares,
eventualmente constituídos por uma molécula capaz de se multiplicar,
eventualmente duas ou três moléculas combinadas e, ao longo de milhões de anos
evoluiu, dando origem às espécies actuais, muitas e complicadas, de que fazemos
parte. O stock actual resultou da sobrevivência das novas espécies que por
razões várias se desenvolveram ao longo do tempo, depois de desaparecerem as
fracas por serem desadaptadas e mal engendradas. Chama-se a isto selecção
natural, conceito quase pacífico e consensual na comunidade científica
biológica.
Na Física Newtoniana e na Mecânica Quântica, o raciocínio
é diferente: assume-se que o universo evoluiu em resultado de leis imutáveis ao
longo do tempo. Isto é, as leis que governam o mundo desde o Big-Bang foram
sempre as mesmas―o que mudou foi o sujeito passivo―para usar uma expressão cara
ao fisco que um dia muda porque acaba a passividade do sujeito.
A verdade é que não está demonstrado que assim seja. Poderá
aceitar-se que há leis fora de uso, por falta de sujeito passivo, desaparecido
com a transformação do cosmos―tal como o Código do IRS deixará de se aplicar
quando só houver portugueses depenados e sujeitos passivos fugitivos. Mas o
mais inesperado é que as leis físicas podem também ter evoluído desde o
Big-Bang, circunstância que põe em causa algumas teorias cosmológicas.
Coisas não comprovadas, mesmo que aceites por toda a
gente, não são necessariamente verdades. E porque hão-de ser independentes do
tempo as leis da Física? É o tempo dinâmico e são as leis estáticas? Por alma
de quem? É um conceito metafísico usado no pensamento científico.
Perguntava Feynman quantas questões
estão por explicar na evolução do universo e quantas o estão porque não podem
sê-lo com as leis actuais da Física? Aí está uma pergunta inteligente, embora
Feynman não estivesse muito preocupado
com a minha opinião!―suspeito eu.
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