O "Oxford Dictionary of English" diz que plágio
é a apropriação do trabalho ou das ideias de outrem e fazê-las passar como
sendo nossas. Fui buscar isto porque li
no "Telegraph" que Kipling teria plagiado a ideia da lei da selva do "The
Jungle Book". Interrogado na altura sobre a matéria, Kipling terá dito que
talvez se tenha servido da ideia, mas já nem se lembrava onde a tinha
encontrado.
Chegados aqui, a questão começa a fiar mais fino. Na literatura,
há ideia e forma. É vedado ao autor usar a ideia de outro com forma diferente?
Por exemplo, contar a história da "Nau Catrineta" em prosa? Ou converter um naco
de boa prosa em poema? Na "Correspondência de Fradique Mendes", Eça
escreve ... em todas as raças, ou divinizando as forças da Natureza, ou
divinizando a Alma dos mortos, as Religiões, amigo meu, consistiram sempre
praticamente num conjunto de práticas, pelas quais o homem simples procura
alcançar da amizade de Deus os bens supremos da saúde, da força, da paz, da
riqueza. Não
dava isto para um belo poema nas mãos dum vate inspirado? Claro que sim! E era
plágio? É complicada a resposta.
Se o poeta tivesse presente onde tinha ido
buscar a ideia, ficava-lhe bem referi-lo. Mas, muitas vezes, já não tem pálida
noção de tal e está desculpado se não referir. Não é grave.
Na realidade, a originalidade do autor não
depende tanto da história que conta como da forma como a conta. Ler uma ideia
decalcada de Eça numa peça de Baptista Bastos não é grave. Não tem mesmo
importância nenhuma. Só que a primeira é boa e a segunda será, seguramente, uma trampa. Não
há qualquer plágio.
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Nota—O atrás vertido respeita ao plágio literário, não ao plágio académico.
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