De acordo com a Teoria das Cordas, os últimos
constituintes da matéria conhecidos, quarks e leptões, são formadas por
filamentos vibráteis de energia; e existem dez dimensões espaciais e uma
temporal. Nós, mamíferos finos, com uma Assembleia da República que gasta 140
milhões de euros por ano (ver em baixo), só nos apercebemos de três. Onde estão
as outras?
É boa a pergunta. Há quem tenha o palpite que são
dimensões tão pequenas, que não nos apercebemos delas, assim como a caganita de
mosca no candeeiro do outro lado da rua, impossível de ver da nossa janela,
mesmo com um binóculo. É esfarrapada a conversa, mas desculpamos a quem não
sabe e tem de dizer alguma coisa.
A verdade nua e crua é esta: não vemos nem palpamos mais de
três dimensões— comprimento, largura e altura. Se a Teoria das Cordas está
certa, somos quase cegos, como o peixe das profundezas abissais—só vemos o que
a natureza acha por bem mostrar-nos e há oito dimensões do espaço fora da nossa
observação.
Para ser franco, não estou muito preocupado com as
dimensões que não vejo e não me apercebo. Em boa verdade, até me chegavam só
duas, porque já me custa subir escadas. Rala-me, isso sim, pensar noutras coisas
que não percebo, como o tempo que anda para a frente e nunca recua. Porquê?
Dizem os intelectuais da Cosmologia que antes do Big-Bang
não havia tempo—foi criado simultaneamente com o espaço (a mesma coisa que
tempo, segundo parece), com a energia e com a matéria (estas duas, também a
mesma coisa).
Acho tudo uma trapalhada desnecessária. Duas dimensões
espaciais chegavam perfeitamente—o mundo não seria mais chato que é agora com
três. O que me dava jeito era poder andar com o tempo para trás, assim
como fazer o scroll no ecrã do computador ou o rewind dos vídeos. O resto só interessa aos filósofos. Eh... Eh... Eh...
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