Fazer mapas não está fácil. Perguntar-se-á porquê, uma
vez que o mundo é sempre o mesmo e as técnicas de o conhecer, com imagens de
satélites, de aviões, com o GPS e rebabá são cada vez mais. O problema é que
não há mapas apolíticos e a política complica a vida de quem os
faz.
Veja-se essa trapalhada da Crimeia, por exemplo. Se o
mapa inclui a Crimeia na Ucrânia, os ucranianos adoram, os ocidentais gostam, mas a Rússia detesta. Se
é integrada na Rússia, blá, blá, blá. Não importa, dirão. Ai importa, importa,
diria Ulrich. É que a Google, por exemplo, faz os mapas mais consultados no
mundo e tem de estar bem com todos porque precisa de ganhar dinheirinho. Resultado:
na versão para a Rússia, nos mapas da Google a Crimeia é russa; na versão
ucraniana e ocidental era ucraniana até há pouco e agora continua a ser
ucraniana para o Ocidente, mas em dúvida para a Ucrânia, o que é representado
por uma tímida linha tracejada. Isto é, a Google faz mapas, quer que eles sejam
consultados e procura por isso agradar a todos, o que não é fácil.
Já em tempos ocorreu pessegada semelhante com o Golfo
Arábico—para os árabes—e Pérsico para os persas, tendo a Pérsia ameaçado
processar a Google se não pusesse lá o nome correcto segundo eles. Chegaram ao
ponto de proibir as companhias aéreas de viajar na região se não tivessem mapas
com a menção de Golfo Pérsico, em vez de Arábico.
Agora ponhamo-nos na posição dos cartógrafos. Que pensam
eles? Depois de observações e mais observações, cálculos e mais cálculos,
projectos e mais projectos, aparecem uns janotas com estas conversas de encher
chouriços. Acham bem? Eu acho péssimo.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário