quinta-feira, 5 de junho de 2014

A CARTOGRAFIA E A ARTE DE ENCHER CHOURIÇOS

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Fazer mapas não está fácil. Perguntar-se-á porquê, uma vez que o mundo é sempre o mesmo e as técnicas de o conhecer, com imagens de satélites, de aviões, com o GPS e rebabá são cada vez mais. O problema é que não há mapas apolíticos e a política complica a vida de quem os faz.
Veja-se essa trapalhada da Crimeia, por exemplo. Se o mapa inclui a Crimeia na Ucrânia, os ucranianos adoram,  os ocidentais gostam, mas a Rússia detesta. Se é integrada na Rússia, blá, blá, blá. Não importa, dirão. Ai importa, importa, diria Ulrich. É que a Google, por exemplo, faz os mapas mais consultados no mundo e tem de estar bem com todos porque precisa de ganhar dinheirinho. Resultado: na versão para a Rússia, nos mapas da Google a Crimeia é russa; na versão ucraniana e ocidental era ucraniana até há pouco e agora continua a ser ucraniana para o Ocidente, mas em dúvida para a Ucrânia, o que é representado por uma tímida linha tracejada. Isto é, a Google faz mapas, quer que eles sejam consultados e procura por isso agradar a todos, o que não é fácil.
Já em tempos ocorreu pessegada semelhante com o Golfo Arábico—para os árabes—e Pérsico para os persas, tendo a Pérsia ameaçado processar a Google se não pusesse lá o nome correcto segundo eles. Chegaram ao ponto de proibir as companhias aéreas de viajar na região se não tivessem mapas com a menção de Golfo Pérsico, em vez de Arábico.
Agora ponhamo-nos na posição dos cartógrafos. Que pensam eles? Depois de observações e mais observações, cálculos e mais cálculos, projectos e mais projectos, aparecem uns janotas com estas conversas de encher chouriços. Acham bem? Eu acho péssimo.
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