As selfies não são de agora—neste mundo nada se perde, nada
se cria; embora nem tudo se transforme em porcaria. Mas estão tão na
moda que o termo foi até considerado palavra do ano 2013 pelo Oxford English Dictionary.
Nos primeiros anos do milénio 1,5
(1500), Leonardo da Vinci fez uma selfie, ou selfy, como quiserem—os
neologismos escrevem-se à vontade do prosador, o que não insinua que eu seja
tal.
Há quem conteste ser a obra em causa, de facto, um
autorretrato, mas a semelhança da figura com a de da Vinci na obra Scuola di
Atene, de Rafael, é flagrante e até prova em contrário é ele mesmo.
Pois o autorretrato tem sido tratado de forma indecente:
sujeito a humidade, exposto a muita luz, a bactérias e fungos, provavelmente às
patas de baratas, ratos e outros mamíferos como conservadores de museus e
críticos de arte, está a apagar-se, tal como os slides que eu trouxe de Timor há 45 anos. E é pena porque todos gostamos de
conhecer a cara de um dos exemplares mais geniais da nossa espécie.
O problema é avaliar correctamente as causas da
degradação da obra sem lhe causar mais danos. Para estragar, o melhor é nem
mexer. Mas, ao menos, poupá-la às condições
responsáveis pela actual degradação. E está mesmo a ver-se que, num
mundo onde já se datam coisas com 60 milhares de anos pelo carbono 14, e se
identificam fósseis pelo ADN, não tarda será possível confirmar a autenticidade
da figura por qualquer outro método científico
.
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