O Censo da Vida Marinha, concluído em 2010, revelou que
90% dos grandes peixes dos oceanos—salmão, atum, peixe-espada, bacalhau—desapareceram. Se não se tomarem medidas reguladoras da pesca, acabam
definitivamente até 2050.
O consumo de peixe é fundamental,
constituindo, além disso, a principal—quando não única—fonte de proteínas
para alguns povos. É indispensável assegurar o seu abastecimento,
independentemente de reduzir a pesca, o que só pode conseguir-se através da
aquacultura.
Não lembra ao careca mandar alguém ao campo matar uma
vaca quando quer comer um bife. Se assim se procedesse, já não havia vacas—pelo
menos destas que estamos a falar. Mas com os peixes ainda acontece coisa parecida,
o que tem de mudar. Naturalmente, com medidas adequadas para acautelar a
poluição—a aquacultura pode ser uma actividade altamente poluente—e a qualidade do produto, banindo,
entre outras coisas, a administração de antibióticos à criação.
A FAO, das Nações Unidas, estima em 63,6 milhões de toneladas
a produção actual de peixe da aquacultura e em 67,2 milhões a da pesca. São
números muito próximos, mas ainda não satisfatórios. A criação em viveiros tem de aumentar muito para não cairmos em situação malthusiana.
Já sei o que está a pensar: peixe de "aviário" não
é a mesma coisa e não há nada como uma bela dourada do mar para duas pessoas,
de preferência ao sal. É verdade. Luís XIV, o Rei-Sol, também escolhia o jantar
em Versalhes entre 40 pratos, servidos por 498 criados. Mas Luís XIV era parvo
e o leitor não é. Voilà.
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