De acordo com a BloombergView, os países da União
Europeia têm nova fonte de crescimento económico: o recente European System of Accounts
determina que as receitas provenientes da prostituição, da transação de droga, dos
subornos e da corrupção em geral sejam incluídas no Produto Interno Bruto, o
tal aborto que é mesmo bruto, ou gross em economês internacional.
A ideia é uma extraordinária lembrança. A Itália, por
exemplo, que já inclui números da economia paralela no PIB, pode agora vê-lo
crescer em 2% com a prostituição, as drogas leves e pesadas e o mercado negro
de tabaco e álcool, sem falar nos subornos e outras formas de corrupção. O
défice oficial baixará para valores inferiores aos actuais 132,6% do PIB. Não é
catita?
A razão deste aborto, perdão, desta determinação é que se
torna necessário criar condições iguais para todos os países e, na Holanda,
drogas e prostituição são legais em muitos casos e, consequentemente
contabilizáveis. Há mesmo regras oficiais. Uma profissional das janelas do Bairro
Vermelho de Amesterdão, oficialmente, tem três clientes por noite—é essa a sua
contribuição diária para o PIB holandês. É um método tosco de calcular a produtividade
mas, por este andar, não tarda surge um contador do tipo dos do gás ou da água.
Quanto às drogas, a coisa também está ainda na pedra lascada. Acontece que não
é levada em conta a qualidade do produto, ou seja, não se conhece, por exemplo,
o grau de pureza da heroína vendida nas ruas. Também neste caso a União
Europeia tem de intervir e pôr alguma ordem na matéria. Era boa ideia os
ministérios das finanças dos países membros ocuparem-se disso através de um departamento
tipo "Infarmed", com competência para validar o produto. Em caso de infracção à
lei, seria tirada a licença ao dealer, ou coisa equivalente, nomeadamente
cancelando-lhe o cartão de eleitor.
Não há nada mais bonito que boa organização, embora seja
complicado chegar lá. Por isso é que temos organizações eficientes, cheias de
iluminados injustamente mal pagos, para tratar disso, verbi gratia o Parlamento
Europeu, a Comissão Europeia, os tribunais europeus e rebabá. Só tarda é o
dilúvio.
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