domingo, 1 de junho de 2014

ORGANIZAÇÃO SEM DILÚVIO

.

De acordo com a BloombergView, os países da União Europeia têm nova fonte de crescimento económico: o recente European System of Accounts determina que as receitas provenientes da prostituição, da transação de droga, dos subornos e da corrupção em geral sejam incluídas no Produto Interno Bruto, o tal aborto que é mesmo bruto, ou gross em economês internacional.
A ideia é uma extraordinária lembrança. A Itália, por exemplo, que já inclui números da economia paralela no PIB, pode agora vê-lo crescer em 2% com a prostituição, as drogas leves e pesadas e o mercado negro de tabaco e álcool, sem falar nos subornos e outras formas de corrupção. O défice oficial baixará para valores inferiores aos actuais 132,6% do PIB. Não é catita?
A razão deste aborto, perdão, desta determinação é que se torna necessário criar condições iguais para todos os países e, na Holanda, drogas e prostituição são legais em muitos casos e, consequentemente contabilizáveis. Há mesmo regras oficiais. Uma profissional das janelas do Bairro Vermelho de Amesterdão, oficialmente, tem três clientes por noite—é essa a sua contribuição diária para o PIB holandês. É um método tosco de calcular a produtividade mas, por este andar, não tarda surge um contador do tipo dos do gás ou da água. Quanto às drogas, a coisa também está ainda na pedra lascada. Acontece que não é levada em conta a qualidade do produto, ou seja, não se conhece, por exemplo, o grau de pureza da heroína vendida nas ruas. Também neste caso a União Europeia tem de intervir e pôr alguma ordem na matéria. Era boa ideia os ministérios das finanças dos países membros ocuparem-se disso através de um departamento tipo "Infarmed", com competência para validar o produto. Em caso de infracção à lei, seria tirada a licença ao dealer, ou coisa equivalente, nomeadamente cancelando-lhe o cartão de eleitor.
Não há nada mais bonito que boa organização, embora seja complicado chegar lá. Por isso é que temos organizações eficientes, cheias de iluminados injustamente mal pagos, para tratar disso, verbi gratia o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia, os tribunais europeus e rebabá. Só tarda é o dilúvio.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário