No avião da viagem de regresso do Papa da Terra Santa ao
Vaticano, interrogado pelos jornalistas sobre quais os principais obstáculos à
reforma da Cúria, respondeu com sarcasmo que o principal obstáculo é ele.
Francisco sabe que um cardeal conhecido—provavelmente um "Príncipe da
Igreja"—vai dizendo que a eleição de Begoglio foi um erro. E há mais a pensar
assim, ou seja, alguns para quem o Espírito Santo se enganou desta vez porque
lhes estão a tirar privilégios. Perguntam mesmo "o que pretende esse argentinozito?"
Na mesma ocasião, Francisco falou dos problemas
económicos e financeiros do Vaticano. Já se terão fechado 1.600 contas, número
redondinho e significativo. E o caso dessa eminência parda do cardeal Bertone, que
se mudou há pouco para uma residência escandalosamente sumptuosa depois de ser
substituído como Secretário de Estado, está em investigação. Segundo o tabloide
alemão "Bild", Bertone é acusado de desviar 15 milhões de euros de
contas do Banco do Vaticano, alegadamente para uma companhia de televisão, a
Lux Vide, em Dezembro de 2012. O Banco terá querido resistir, mas Bertone—na qualidade
de Secretário de Estado—pressionou e consumou a transacção.
O que impressiona é haver fieis que mantêm respeitoso
silêncio em relação a estas coisas, considerando que é irreverência imprópria
denunciá-las e investigá-las—mesmo comentá-las—porque isso mina a fé, quando o
próprio Papa o faz, em nome do bem da doutrina. São restos de obscurantismo
cultivado por séculos de domínio duma hierarquia hipócrita que nunca devia ter
sido hierarquia pelo mal que faz à causa de quem crê. Deplorável!
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