sábado, 7 de junho de 2014

OS PRÍNCIPES DA IGREJA

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No avião da viagem de regresso do Papa da Terra Santa ao Vaticano, interrogado pelos jornalistas sobre quais os principais obstáculos à reforma da Cúria, respondeu com sarcasmo que o principal obstáculo é ele. Francisco sabe que um cardeal conhecido—provavelmente um "Príncipe da Igreja"—vai dizendo que a eleição de Begoglio foi um erro. E há mais a pensar assim, ou seja, alguns para quem o Espírito Santo se enganou desta vez porque lhes estão a tirar privilégios. Perguntam mesmo "o que pretende esse argentinozito?"
Na mesma ocasião, Francisco falou dos problemas económicos e financeiros do Vaticano. Já se terão fechado 1.600 contas, número redondinho e significativo. E o caso dessa eminência parda do cardeal Bertone, que se mudou há pouco para uma residência escandalosamente sumptuosa depois de ser substituído como Secretário de Estado, está em investigação. Segundo o tabloide alemão "Bild", Bertone é acusado de desviar 15 milhões de euros de contas do Banco do Vaticano, alegadamente para uma companhia de televisão, a Lux Vide, em Dezembro de 2012. O Banco terá querido resistir, mas Bertone—na qualidade de Secretário de Estado—pressionou e consumou a transacção.
O que impressiona é haver fieis que mantêm respeitoso silêncio em relação a estas coisas, considerando que é irreverência imprópria denunciá-las e investigá-las—mesmo comentá-las—porque isso mina a fé, quando o próprio Papa o faz, em nome do bem da doutrina. São restos de obscurantismo cultivado por séculos de domínio duma hierarquia hipócrita que nunca devia ter sido hierarquia pelo mal que faz à causa de quem crê. Deplorável!
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