Carlo Maria Martini era padre Jesuíta, especialista em
assuntos bíblicos e um "desalinhado" que João Paulo II fez cardeal de
Milão. Antes, Martini trabalhava com a gente pobre de Roma e celebrava missa
nos arredores da cidade. Publicou um livro de diálogos com Umberto Eco e
ocupou-se de problemas como o sexo pré-matrimonial e o divórcio. No conclave de
2005, teve 9 votos, Bergoglio 10 e Ratzinger 47. No segundo escrutínio, depois
de uma noite de conversa na Casa Santa Marta, todos os seus votos passaram para
Bergoglio.
Como João Paulo, Martini sofria de Doença de Parkinson.
Pouco antes de morrer, em 2012, deu uma entrevista a um amigo Jesuíta a quem
disse: A Igreja está cansada e metida com a burguesia da Europa e da América; a
nossa cultura é velha; as nossas igrejas e mosteiros são grandes mas estão
vazios; a burocracia de Igreja tonou-se
balofa; os nossos ritos e vestes são pomposos e a prosperidade arrasta-nos para
o fundo. Apelou ao Papa e aos bispos para arranjarem 12 pessoas exteriores ao
sistema a fim de tentar novas orientações; e à igreja para se abrir a famílias
não tradicionais e aos pobres. Terminou com a afirmação de que a Igreja está
200 anos atrasada no tempo.
No Conclave de 2013, Bergoglio foi eleito Papa e, se o
seu pontificado tem uma agenda, como parece, é a desenhada por Martini no
leito onde morreu. Ainda não se percebeu o que pensa Ratzinger sobre isto. O
seu comportamento até agora, contudo, sugere que captou a mensagem de Martini.
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