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Vasco Pulido Valente—um homem sábio e com experiência da vida,
incluindo a política—escreve hoje
no "Público" o seguinte: "As dívidas do Grupo Espírito Santo e
a queda do valor do BES não passam das consequências naturais de trinta e tal
anos de arbitrariedade escondida, em que tudo era literalmente permitido. Esperemos
que desta vez se tire o caso a limpo."
Vasco Pulido
Valente, estou certo, não espera tal. Vasco Pulido Valente sabe que nada
se tira a limpo em política. E nada se tira a limpo porque todos têm telhados
de vidro, o mesmo que dizer toda a gente está envolvida numa qualquer porcaria.
Às vezes surge um ameaço, como aconteceu agora com
Sarkozy em França, mas não passa disso—de ameaço. Os socialistas estão na
fossa e a direita mostra-se capaz de lhes tirar o poder, coisa fácil neste
momento em face da performance de Monsieur Hulot, também conhecido por
François Hollande. Então desenterra-se um facto, seguramente conhecido há anos
no meio, como essa do juiz a quem é prometida uma sinecura no Mónaco em troca
de informações em segredo de Justiça. Aparentemente, Sarkozy está feito ao
bife, mas é só aparência, porque tem seguramente no bolso uma igual para
ripostar aos socialistas e acaba tudo em águas de bacalhau.
O mesmo se prevê no caso do BES. Ricardo Salgado é
presidente do BES há mais de 20 anos e já lhe "passaram pela mão"
muitos políticos, quase todos apreciadores do vil metal. Ricardo Salgado é um
traste que sabe muito de muita gente—para mal dessa gente, sabe de mais e
está tranquilo.
Por isso, podemos todos esperar sentados e estar atentos
a eventuais movimentos ascensionais dentro do BES para perceber o que está a
acontecer. Não é bem cherchez la femme, mas é parecido.
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