O primata Homo sapiens usa o cheiro e o olfato para
comunicar. Alguns lavam-se pouco, cheiram a sovaquinho, e isso serve para se anunciarem
em qualquer local onde nem é preciso olhar para ver quem chegou. Outros
distinguem-se pelo aroma do sulfato de peúga, da naftalina do fato, ou do ranço
da brilhantina. Mas nem tudo são coisas tão incómodas, felizmente cada vez mais
raras—há quem se perfume, o que pode ser forma bem agradável de comunicar,
incluindo o convite ao acasalamento.
Vem isto a propósito do facto de ter hoje sabido que o
homem não é o único primata que usa o cheiro para comunicar, bem pelo
contrário. O gorila que, como se sabe, é polígamo e se faz acompanhar do harém e respectiva prole, também comunica através do cheiro. Isto é, quando
pressente a presença de um macho, eventual concorrente na chefia da família,
se o outro é mais fraquito, ao mesmo tempo que dá murros no peito e lança gritos de ferocidade, emite um pivete de tombar para anunciar que está ali para
defender as fêmeas e a prole. Se é o outro mais forte, o figurão mete o
rabo—que não tem—entre as pernas, suprime o pivete e todo o folclore de
valentão e procura passar despercebido.
Cada gorila tem um cheiro intenso e único para cada indivíduo—é
a sua impressão digital—e o mais interessante é que consegue controlar
voluntariamente o pivete, coisa que o Homo sapiens não faz. Chegados a este
ponto, é nítido que o fenómeno deve ser estudado em profundidade a fim de ser
aplicado ao homem, e também à mulher naturalmente. Diz isto quem passou uma
vida a cheirar todo o tipo de odores corporais libertados pelo descalçar de
peúgas e pelo despir de cuecas, ceroulas e camisolas interiores. Que bom teria
sido se esses cidadãos pudessem controlar o pivete voluntariamente, como
faz o gorila!
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