quarta-feira, 9 de julho de 2014

NOTAS SOBRE O ODOR CORPORAL

.

O primata Homo sapiens usa o cheiro e o olfato para comunicar. Alguns lavam-se pouco, cheiram a sovaquinho, e isso serve para se anunciarem em qualquer local onde nem é preciso olhar para ver quem chegou. Outros distinguem-se pelo aroma do sulfato de peúga, da naftalina do fato, ou do ranço da brilhantina. Mas nem tudo são coisas tão incómodas, felizmente cada vez mais raras—há quem se perfume, o que pode ser forma bem agradável de comunicar, incluindo o convite ao acasalamento.
Vem isto a propósito do facto de ter hoje sabido que o homem não é o único primata que usa o cheiro para comunicar, bem pelo contrário. O gorila que, como se sabe, é polígamo e se faz acompanhar do harém e respectiva prole, também comunica através do cheiro. Isto é, quando pressente a presença de um macho, eventual concorrente na chefia da família, se o outro é mais fraquito, ao mesmo tempo que dá murros no peito e lança gritos de ferocidade, emite um pivete de tombar para anunciar que está ali para defender as fêmeas e a prole. Se é o outro mais forte, o figurão mete o rabo—que não tem—entre as pernas, suprime o pivete e todo o folclore de valentão e procura passar despercebido.
Cada gorila tem um cheiro intenso e único para cada indivíduo—é a sua impressão digital—e o mais interessante é que consegue controlar voluntariamente o pivete, coisa que o Homo sapiens não faz. Chegados a este ponto, é nítido que o fenómeno deve ser estudado em profundidade a fim de ser aplicado ao homem, e também à mulher naturalmente. Diz isto quem passou uma vida a cheirar todo o tipo de odores corporais libertados pelo descalçar de peúgas e pelo despir de cuecas, ceroulas e camisolas interiores. Que bom teria sido se esses cidadãos pudessem controlar o pivete voluntariamente, como faz o gorila!
.

Sem comentários:

Enviar um comentário