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Os media descobriram o método de manter o público fiel visitador de jornais, televisões e sites. Consiste a arte em realizar diariamente sondagens de intenção de voto para as próximas eleições legislativas. É matéria apaixonante porque hoje o partido B avança um cagagésimo relativamente ao D, mas perde dois nanogésimos para o A que, por sua vez, aumenta três microgésimos, embora ontem tenha perdido três cagagésimos elevados a menos um não se sabe para quem, provavelmente para o maneta. Maravilha!...
Imaginem-se dois cágados, correndo à velocidade vertiginosa média de 35 metros por dia, em prova de fundo de 10 quilómetros. Não seria excitante termos diariamente o resumos das posições, tendo em conta que ontem o cágado A estava três centímetros à frente do B e hoje só está a um centímetro vírgula 325, ameaçando ter perdido o fôlego?
As sondagens são feitas em amostras pequenas porque as grandes amostras não eliminam, nem diminuem significativamente, a margem de erro que é muito grande. São os especialistas que o afirmam. Por outro lado, a consulta é feita por via telefónica, factor importante por excluir quem não tem telefone fixo. E digo telefone fixo por ser o único que dá garantia da posição geográfica do eleitor. Além disto, a resposta é condicionada pelo facto do interrogado estar a ser “observado”, elegendo grandes partidos e fugindo a exprimir preferência pelos pequenos, em que muitas vezes vota. E, sobretudo, porque há um número enorme de indecisos que agora não se manifestam, mas irão votar e atirar com a tralha montada pelas sondagens de pernas para o ar.
Por favor, senhores da comunicação social: acabem com essa pessegada porque nós somos burros, mas não completos atrasados mentais.
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