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Referi há pouco mais de uma hora que Lindebergh, quando chegou a Paris, exausto depois de mais de 33 horas a pilotar um minúsculo avião sobre o Atlântico, disse aos primeiros franceses com quem falou apenas isto: "Well, I made it."
Merecem reflexão os ditos dos autores dos grandes feitos, proferidos a quente, imediatamente a seguir às proezas, porque exprimem as razões que os moveram. E quase nunca é a busca de glória, ou o desejo de escrever o nome na História. Quase sempre, apenas a modesta vontade de vencer um desafio. Assim foi com Lindebergh: estava feliz porque tinha feito a viagem considerada impossível com os recursos técnicos de então. Daí a frase “Bom, eu fi-la”.
Sir Edmund Hillary, o neo-zelandês que em 1953 escalou o Everest, quando regressou do pico e encontrou os primeiros companheiros que haviam ficado atrás na última base, disse esta coisa significativa: “Well, George, we knocked the bastard off”, qualquer coisa como “Bom, George, deitámos o sacana abaixo”. E, interrogado mais tarde porque tinha decidido escalar a montanha, respondeu: “Porque ela estava lá”.
Não há vaidade, nem falsa modéstia nestas declarações; apenas satisfação por fazer uma coisa que achavam complicada e tinham conseguido ultrapassar. Assim como quando cada um de nós resolve um Sudoku difícil. É isso que os faz grandes. Tal e qual.
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