Uma das experiências que tem resistido a qualquer
explicação e um dos mistérios mais profundos da Física moderna é o que se
chama a seta do tempo. Aparentemente, o tempo corre só numa direcção: do
passado para o futuro. Se assim não fosse, os ovos partiam-se e
"despartiam-se", as velas derretiam e "desderretiam", as pessoas
envelheciam e "desenvelheciam", conhecíamos tanto do futuro como do passado. No tempo não há simetria como esquerda e direita, ou frente e trás. Se houvesse, o mundo seria
irreconhecível, com os ovos a "despartir", as velas a "desderreter", blá, blá, blá.
Donde vem tal assimetria? Qual a sua razão? Não sabemos.
Provavelmente, condições físicas especiais, há cerca de
14 mil milhões de anos, logo a seguir ao Big-Bang, imprimiram uma direcção no
tempo—como a mola do relógio mecânico que, uma vez "dada a corda", se
nada se fizer, só pode desenrolar.
Estamos tão habituados à assimetria do tempo, que até parece
estúpido levantar o problema. Pois saiba-se que ele ocupa muitas cabeças
privilegiadas da ciência moderna. E hão-de chegar lá, estou certo!
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