O universo, durante o fugaz período passado desde a
origem do homem até hoje, pouco mudou. Pode dizer-se que se mantém o mesmo em
linhas gerais. Mas já foi constituído por fogo, água, terra, ar e uma coisa mal
definida chamada quintessência ou éter. Foi no tempo dos filósofos gregos,
talvez mesmo antes, na China. Era o universo dos quatro elementos—o éter, mal
classificado, não entrava nas contas. Uma beleza de simplicidade científica!
Hoje, o mesmo universo é para o mesmo homem uma
trapalhada: há moléculas formadas por átomos que têm electrões, protões e
neutrões, quarks, bosões, força fraca, força forte, força electromagnética, força
gravítica, eventualmente tudo feito por cordas de energia, blá, blá, blá. O
pioneiro da mecânica quântica e Prémio Nobel da Física Niels Bohr dizia que, se
não se fica completamente confuso com trapalhada da mecânica quântica, é porque
não se percebeu nada. Isto dá-me alguma esperança de vir a perceber um nadinha
porque a confusão não pode ser maior.
Sou como o rural que assistiu ao sermão do prior no Domingo de
Páscoa e exclamava no fim, incontido: "Gostei muito. Não percebi
nada, mas foi muito bonito". Tal e qual.
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