Ao ler isto quase caio da cadeira com a excitação, pela razão de que Fermi falava. Nunca fui investigador—embora tivesse dado algumas marteladas na actividade—mas assisti a muita investigação médica e à apresentações do trabalho de grandes investigadores internacionais; e sempre me surpreendeu a pouca atenção que merecem problemas médicos de meia tigela, que atormentam milhões de doentes, em benefício de coisas finas e aromáticas, como a terapêutica fotodinâmica na Dermatologia, usada para tratar tumores que se resolvem com a faca da cozinha.
É claro que a investigação de ponta é fundamental e é bom
ser feita; mas não esgota o campo da actividade, onde cabe a dos problemas
banais, realizável em instituições com
menos condições materiais. A ninguém lembra fazer uma tese de doutoramento
sobre a popularmente chamada "unha encravada", embora se trate de tormentosa
afecção mais que comum e de que era bom conhecer melhor os factores
predisponentes e corrigíveis a tempo, tal como métodos de tratamento menos
cruentos que a tosca cirurgia. Mas não é fino tal coisa, como as colisões de
protões a 20 volts, ou os joanetes. A tese de doutoramento tem de envolver,
pelo menos, joanetes acelerados a 10 biliões de volts.
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