Antigamente, entretinha-se o público com fenómenos de feira: era a mulher barbuda, a cobra com duas cabeças, o anão mais pequeno do mundo e por aí fora. As novas técnicas de comunicação globalizaram o entretenimento e vieram novas formas do cidadão comum passar as horas mortas com coisas insólitas. Por exemplo, as entrevistas do Dr. Soares que contêm um título em cada frase, como diz Henrique Monteiro no Expresso, e ajudam à diversão popular quando veiculadas por jornais, televisões, rádio, vizinhos, Internet, blá, blá, blá.
Há dias, o Dr. Soares disse que este Governo era
constituído por delinquentes e o Governo, apesar de rasca, não cometeu a
infantilidade de lhe responder—ignorou-o do alto da sua mediocridade, manifestando
que não lhe interessa o que diz o Dr. Soares, nem está preocupado com ele.
Disse também o "senador", não sei se na mesma altura ou noutra, pois
são muitas as alturas em que fala urbi et orbi, que o Presidente da República
devia ser julgado pela sua ligação ao BPN. Não sei de devia ou não, mas dito
pelo Dr. Soares é igual ao litro.
O Professor Cavaco, e era aqui que queria chegar, não
teve o senso de remeter tais declarações para o balde do lixo doméstico
indiferenciado e saiu a lume com uma explicação publicada hoje nos jornais. Tal
atitude significa duas coisas, pelo menos. A primeira, é que o Professor Cavaco
ainda não percebeu que ninguém se importa com o que diz o Dr. Soares, pelo que
não vale a pena dar-lhe troco, como fez o Governo—até ver. E a segunda é que o
Presidente da República tem uma pedra no sapato chamada BPN. Com razão ou sem
ela, enerva-se quando se fala disso, como se verifica agora. Bem no fundo, não
se sente muito à vontade com o seu amigo, ou ex-amigo, Oliveira e Costa.
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