Em entrevista ao jornal "i", João Salgueiro diz
a certa altura que vários economistas avisaram, ainda no século passado, o que
toda a gente que tem de gerir as suas contas sabe: as pessoas não podem
continuar a endividar-se todos os meses no banco. E nós andámos mais de dez
anos a fingir que podíamos e até escondemos as dívidas, acrescenta.
Isto, que parece ser irrefutável, faz algumas pessoas que
conhecemos torcerem o nariz, com o argumento depreciativo de que isso são "contas
de dona de casa". Salvo o devido
respeito por essas cabeças, parece-me—a mim e a toda a gente com senso—que
contas são contas e mais nada. Às vezes não são "de dona de casa" e o
resultado está à vista.
Compreende-se que
o Estado não é um lar e precisa de investimentos para que não há dinheiro,
circunstância em que, como as empresas, recorre ao crédito. Mas tal
prática tem regras. Fazê-lo da maneira alarve como nos últimos anos,
é inaceitável; matéria do foro da Justiça,
como aconteceu na Islândia.
Em Portugal, a impunidade é chocante. Tivemos um
Primeiro-Ministro que em seis anos quase duplicou a dívida, para aplicações
mais que discutíveis, e que é saudado por pessoas de quem se esperava mais recato. É
pena, porque a chamada à responsabilidade, para responder por actos praticados,
é pedagógica. Na Islândia, nos anos mais próximos, os governantes vão ser
seguramente mais prudentes nos actos da governação.
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